PF faz operação contra rede de contrabando de migrantes para os EUA

Os migrantes se hospedavam em um hotel em São Paulo, tinham seus passaportes retidos pela organização e depois iam até o Acre, de onde atravessavam a fronteira com o Peru para seguir viagem de ônibus, barco, carona e a pé

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Os investigados podem pegar penas de três a oito anos de prisão
Foto: Arquivo / Agência Brasil

A Polícia Federal de São Paulo deflagrou nesta terça-feira (20) uma operação contra um esquema de contrabando de migrantes africanos para viagens ilegais aos Estados Unidos. Três pessoas foram presas e seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos. 

Segundo a investigação, iniciada em julho do ano passado, o grupo criminoso dava passaportes e vistos brasileiros falsos a pessoas da África Oriental, que vinham para São Paulo e seguiam por via terrestre até a fronteira do México com os EUA. Entre os enviados pelo grupo para a América do Norte estão dois somalis suspeitos de terrorismo e que agora estão presos nos EUA. 

Os migrantes se hospedavam em um hotel na região central de São Paulo, tinham seus passaportes retidos pela organização e depois iam até o Acre, de onde atravessavam a fronteira com o Peru para seguir viagem de ônibus, barco, carona e a pé.

"Os indícios apontam que o grupo que agia em São Paulo centralizava e detinha pleno domínio de toda a rota, por meio de contato com outros integrantes em todos os países e continentes envolvidos", diz um comunicado da PF. 

Foi identificada uma mesquita na cidade onde um dos investigados assediava migrantes e um hotel onde eles eram mantidos. Também foi descoberto que um dos membros da organização criminosa divulgava em suas redes sociais símbolos e personagens nazistas.

O inquérito policial teve a cooperação internacional com a agência norte-americana de imigração (Ice Customs Enforcement), que avisou à PF que estrangeiros que moravam em São Paulo lideravam essa rede criminosa. 

Os investigados responderão pelos crimes de contrabando de migrantes (qualificado pela submissão a condições desumanas e degradantes), organização criminosa, falsificação de documento público e divulgação do nazismo, com penas de três a oito anos de prisão.