País quer lançar foguete com satélite nacional

Escrito por Redação ,
Brasil e China são parceiros na área espacial desde 1988, quando iniciaram a cooperação

Brasília Assistir à televisão, conferir a previsão do tempo, falar ao telefone e até receber alertas por causa de chuva são atividades comuns que se tornaram possíveis graças aos satélites. Os três últimos colocados em órbita pelo Brasil - chamados Cbers, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, do inglês China-Brazil Earth-Resources Satellite - foram lançados de base chinesa. No ano em que o acidente na Base de Alcântara completa 10 anos, o país divulga o seu quarto programa espacial.

O Brasil, no entanto, já voltou a fazer lançamentos a partir da Base de Alcântara. Em 2010, foi lançado o foguete brasileiro VSB-30 V07 FOTO: AG. BRASIL
 
O desafio é lançar até 2021 um satélite desenvolvido no Brasil, acoplado a um foguete nacional, a partir de um centro de lançamento próprio.

Enquanto o plano ainda não for possível, o Brasil se prepara para colocar em órbita mais um satélite de uma base chinesa, o Cbers-3. O lançamento estava programado para o fim do ano passado, mas foi adiado para o primeiro semestre deste ano porque conversores comprados nos Estados Unidos apresentaram falhas nos testes finais.

O Cbers-3 será o primeiro da família de satélites sino-brasileiros a integrar uma câmera para satélite 100% desenvolvida e produzida no Brasil. A câmera vai registrar imagens para o monitoramento de recursos terrestres. Já foram lançados os Cbers 1, 2 e 2-B.

Brasil e China são parceiros na área espacial desde 1988, quando iniciaram a cooperação para o desenvolvimento do Programa Cbers.

O objetivo é implantar um sistema completo de sensoriamento remoto de nível internacional, no qual satélites sejam responsáveis pelo monitoramento de desmatamentos, da expansão urbana e da agropecuária. Para fortalecer o Programa Espacial Brasileiro, em 2013, haverá mais ações voltadas para a formação de pessoas na área aeroespacial, entre elas, enviar estudantes brasileiros, por meio do Programa Ciência sem Fronteiras, para se especializarem em países já desenvolvidos na área espacial e, também, trazer especialistas para o Brasil.

"Dessa forma, um dos grandes gargalos de nosso programa espacial, a falta de mão de obra especializada, começará a ser sanado", explicou o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Coelho.

Explosão

Quase uma década depois da explosão do foguete VLS-1 V03, no Centro de Lançamento de Alcântara, que matou 21 técnicos civis e destruiu a torre de lançamento, a infraestrutura da base maranhense ainda não está 100% recuperada. A expectativa da AEB é que, só em dois anos, todo o trabalho esteja concluído.

"Ainda carece de um bom investimento para terminar essa infraestrutura, que vai servir para lançar o Cyclone-4, parceria com a Ucrânia, e os nossos lançadores", disse, o presidente da AEB, José Raimundo Coelho.

O Brasil, no entanto, já voltou a fazer lançamentos a partir da Base de Alcântara. Em 2010, foi lançado o foguete brasileiro de médio porte VSB-30 V07.

De 2004 a 2012, foram investidos pouco mais de R$ 582 milhões em infraestrutura e sistemas para o Centro de Lançamento de Alcântara. Nos próximos dois anos, a previsão do Programa Nacional de Atividades Espaciais é que R$176 milhões sejam empregados para o mesmo fim.

Segundo o presidente da AEB, o Brasil aprendeu muito com a tragédia. "Toda operação que envolve combustível pesado, como é o caso espacial, tem que ter senhoras precauções. Foi fatal e foi uma surpresa total para nós", reconheceu.