Paciente negro e analfabeto tem 3,8 vezes mais chances de morrer por Covid-19 no Brasil

O estudo desenvolvido pela PUC-Rio revela como as desigualdades sociais impactam na letalidade da doença no País

Escrito por Redação ,
Legenda: O Brasil já registra 27.878 mortes por Covid-19, segundo o Ministério da Saúde
Foto: Fotos: Fotos Públicas

São 3,8 vezes maior as chances de um paciente preto ou pardo e sem escolaridade vir a óbito em decorrência da Covid-19 no Brasil do que um paciente branco e com nível superior. É o que aponta uma análise socioeconômica feita pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois) da PUC-Rio. 

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O estudo envolveu 29.933 casos encerrados de óbitos e recuperação por Covid-19 e revela como as desigualdades sociais e fatores socioeconômicos impactam na letalidade da doença no País.

De acordo com a análise, a porcentagem de pretos e pardos sem escolaridade e que vêm a óbito por agravamento da doença chegou a 76,04%, enquanto que a morte entre brancos com nível superior ficou em 19,65%. 

Em todos os níveis de escolaridade, inclusive, observa-se que pretos e pardos apresentaram maior percentagem de óbitos em relação aos brancos. 

Entre aqueles com nível superior, a taxa de letalidade é menor, mas ainda assim há uma diferença significativa na proporção de óbitos de pretos e pardos (29,63%) e de brancos com a mesma escolaridade (19,65%). 

"Quanto maior o nível de escolaridade, menor a letalidade. Este efeito pode ser resultado de diferenças de renda, que geram disparidades no acesso aos serviços básicos sanitários e de saúde", endossa um trecho do estudo.

Pesquisadores observaram ainda que, considerando o total de notificações, o percentual de pacientes pretos e pardos que morreram (54,78%) foi maior do que os brancos
(37,93%). 

Em relação à recuperação, 62,07% dos pacientes internados de cor branca se recuperaram, enquanto 37,93% morreram. Já entre pretos e pardos, são 54,78% de mortes e 45,22% de recuperados.

Internação

Considerando o tipo de internação, 30,4% dos pacientes em enfermaria vieram a
óbito, enquanto que a proporção de mortes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) é duas vezes maior (65,3%).

Entre as pessoas brancas e sem escolaridade a proporção de óbitos é de 47% na enfermaria
e de 71% na UTI, enquanto que as proporções para negros e pardos, nas mesmas condições, são de 69% e 87%, respectivamente.

O Brasil já registra 27.878 mortes e 465.166 casos confirmados de coronavírus, segundo segundo o levantamento mais recente do Ministério da Saúde, divulgado nesta sexta-feira (29). Com isso, o País ultrapassa a Espanha e se coloca entre os 5 países com mais mortes por Covid-19

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