No Rio, especialistas alertam para venda ilegal de testes rápidos para Covid-19

Além de ilegais, os kits apresentam alta probabilidade de erro, o que preocupa autoridades fluminenses

Escrito por Redação ,

No Rio de Janeiro, a comercialização dos kits de testes rápidos para detectar Covid-19 já preocupa especialistas e autoridades. É o que mostra reportagem publicada hoje (13) no jornal O Globo. O Ministério da Saúde ainda não definiu protocolo para o uso dos testes nos estados e municípios, mas, de acordo com a reportagem, eles já são vendidos em drogarias cariocas, por preços que variam entre R$ 250 e R$ 390, com alguns estabelecimentos chegando a registrar 500 pedidos por reserva.

O principal risco oferecido pelos testes rápidos é de darem ao paciente um "falso passaporte" de imunidade. Isso porque eles identificam não o coronavírus, mas os anticorpos produzidos pelo organismo (IgM e IgG). Quem faz o teste pode achar que já está livre do vírus e que, portanto, pode relaxar as medidas de isolamento, enquanto ainda existe risco de estar contaminado e propagar a doença. Outro problema é a alta chance do resultado não corresponder à realidade. Análise encomendada pelo Ministério da Saúde indicou 75% de chance de erro em resultados negativos, e de 14% de chance para falsos positivos. Os índices podem levar também a um achatamento falso da curva de crescimento da epidemia.

"Esse tipo de teste tem baixa sensibilidade e especificidade. Se for positivo, pode indicar exposição prévia. E não sabemos se esses anticorpos seriam protetores e eficientes contra o coronavírus. Se for negativo, pode ser um falso negativo. O risco desses testes é que podem permitir a circulação de portadores assintomáticos ", explicou o oncologista e hematologista Daniel Tabak.

Uso restrito

À reportagem, a Vigilância Sanitária do município informou que a venda dos testes rápidos está restrita à rede hospitalar e cobrou que a população denuncie as drogarias que têm anunciado os kits. Pesquisador da Fiocruz, Manoel Barral afirma que os testes rápidos têm utilidade em grandes grupos, por exemplo, de profissionais de saúde e outras profissões de risco que tenham contraído a doença há mais tempo e já estejam sem sintomas e, portanto, aptos a trabalhar. "São testes de baixa capacidade de identificação. Têm utilidade para verificar resposta imune de certo grupo. Individualmente, mesmo quando positivo, o valor do resultado é muito baixo", afirmou.

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