Ministros do STF e entidades repudiam agressão causada por apoiadores de Bolsonaro a fotógrafo
Ataque ocorreu durante manifestação com pautas antidemocráticas em frente ao Palácio do Planalto
Ministros do STF e entidades repudiaram, nesse domingo (3), agressão sofrida pelo fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de S.Paulo, durante manifestação em Brasília. Os manifestantes levavam faixas com mensagens contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal e de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Hoje é dia mundial da liberdade de imprensa.
— William De Lucca (@delucca) May 3, 2020
Hoje, o fotógrafo Dida Sampaio, do Estadão, foi derrubado duas vezes, tomou socos e chutes por apoiadores de Jair Bolsonaro, em Brasília, enquanto o presidente acenava para o público. O motorista Marcos Pereira também foi agredido. pic.twitter.com/IJlqTT00fh
O profissional de imprensa foi agredido com socos e chutes quando tentava registrar fotos do presidente cumprimentando os manifestantes em frente ao Palácio do Planalto. Além de Sampaio, o motorista do jornal, Marcos Pereira, foi derrubado com uma rasteira. Os agredidos deixaram o local escoltados pela Polícia Militar. Jornalistas de outros veículos também foram hostilizados durante o ato.
A ministra Cármen Lúcia lamentou a agressão na data em que é comemorada o Dia da Liberdade de Imprensa.
“É inaceitável, inexplicável, que ainda tenhamos cidadãos que não entenderam que o papel do profissional de imprensa é o que garante a cada um de nós poder ser livre. Estamos, portanto, quando falamos da liberdade de expressão e de imprensa, no campo das liberdades, sem a qual não há respeito à dignidade”, disse.
O ministro Alexandre de Moraes declarou que as agressões contra jornalistas devem ser repudiadas e não podem ser “toleradas pelas instituições e pela sociedade”.
As agressões contra jornalistas devem ser repudiadas pela covardia do ato e pelo ferimento à Democracia e ao Estado de Direito, não podendo ser toleradas pelas Instituições e pela Sociedade.
— Alexandre de Moraes (@alexandre) May 3, 2020
Para Gilmar Mendes, a “agressão a cada jornalista é agressão à liberdade de expressão e agressão à própria democracia”.
As agressões aos jornalistas do @Estadao são intoleráveis. Neste Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, devemos lembrar que a atuação livre dos jornalistas é um pilar estruturante da nossa democracia. Que possamos superar a era do ódio que abala nosso país. #LiberdadeDeImprensa
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) May 3, 2020
Para o ministro Luís Roberto Barroso é preciso valorizar o papel do jornalista.
“Dia da Liberdade de Imprensa. Mais que nunca precisamos de jornalismo profissional de qualidade, com informações devidamente checadas, em busca da verdade possível, ainda que plural. Assim se combate o ódio, a mentira e a intolerância”, disse.
Dia da liberdade de imprensa. Mais que nunca precisamos de jornalismo profissional de qualidade, com informações devidamente checadas, em busca da verdade possível, ainda que plural. Assim se combate o ódio, a mentira e a intolerância.
— Luís Roberto Barroso (@LRobertoBarroso) May 3, 2020
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, manifestou solidariedade aos jornalistas e disse que"cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror."
Minha solidariedade aos jornalistas e profissionais de saúde agredidos. Que a Justiça seja célere para punir esses criminosos.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) May 3, 2020
Sociedade Civil
A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) disse que espera que os agressores sejam identificados e punidos de acordo com a lei.
“Além de atentarem de maneira covarde contra a integridade física daqueles que exerciam sua atividade profissional, os agressores atacaram frontalmente a própria liberdade de imprensa. Atentar contra o livre exercício da atividade jornalística é ferir também o direito dos cidadãos de serem livremente informados”, declarou a entidade.