Destino partidário de Ciro Gomes é indefinido

Escrito por Redação ,
Brasília - Com risco de ser despejado do PPS, caso não deixe o governo até o final deste mês, o futuro do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, não é tão promissor como levam a crer os elogios que recebeu na semana passada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos caciques do PMDB, José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL). Tanto o presidente do Senado como Renan, seu sucessor no cargo, afirmam publicamente que o partido “se sentirá honrado em recebê-lo”.

Nos bastidores, porém, a reação dos peemedebistas é outra e não respalda o convite feito ao ministro. No PTB, tido como a primeira opção para Ciro, sobretudo se depender do presidente do partido, deputado Roberto Jefferson (RJ), a situação de Ciro é igualmente desconfortável e, se dependesse de uma eleição voto a voto, o ministro provavelmente ficaria de fora. Ele foi procurado, mas sua assessoria se limitou a dizer que o assunto não está na pauta do ministro. Deputados e senadores alegam que o comportamento de Ciro no PPS, que duas vezes avalizou sua candidatura à presidência da República, deixou claro que ele não é uma pessoa fácil de conviver. Dão como exemplo a forma como Ciro modificou a opinião que tinha de seu ex-partido, o PSDB, e do próprio Lula, a quem chamava de “despreparado”, no momento em que o outro lado lhe pareceu mais atraente. Em conversa com parlamentares, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), lamentou o fato de a principal liderança política do partido no Ceará, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, não ter sido consultado sobre os afagos a Ciro Gomes. Temer disse ainda aos parlamentares que considera desconfortável convidá-lo para o PMDB no decorrer das negociações da reforma ministerial, dentro de uma estratégia que pretende sugerir o aumento do espaço do partido no governo. O deputado tem sido alijado das conversas do Planalto que, segundo fontes do governo, tem um alcance maior do que aparenta para os que estão de fora: consistiria em fazer de Ciro o vice na campanha de reeleição de Lula, em 2006. Alheio a esses acordos o líder do PTB, deputado José Múcio (PE), lembra que a conversa para atrair Ciro ao partido tem sido conduzida por Roberto Jefferson. De sua parte o que ele sabe é que há realmente uma certa apreensão com a idéia de tê-lo entre os petebistas. “O PTB é um partido monolítico, é um grupo de 50 parlamentares e alguns deles têm medo que a chegada de Ciro abra espaço para grupos”, alegou, frisando que, pessoalmente, não endossa essa reação. Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), Ciro é “um homem de bem, um homem sério”, mas considera “esdrúxula” a idéia de encaixá-lo de uma hora para outra no PMDB. Simon prevê que isso ampliará ainda mais o racha no partido. “O nosso presidente Lula está fazendo as coisas mais estranhas, só que isso não é bom para ninguém”, argumentou. O senador também estranhou a mudança no trajeto do ministro, tido inicialmente como um novo nome no PTB. “Se ele ia para o PTB e agora quer trocar pelo PMDB, já melhorou um pouquinho (sua opção)”, ironizou. Ainda assim, Simon defende que, diante do apreço de Lula, “Ciro Gomes devia mesmo é se alojar no PT”.