Conselho Federal de Medicina diz que Rio não está preparado para Olimpíadas

O CFM lembra que a rede pública do Rio já está sobrecarregada e que a chegada de estimados 800 mil turistas vai agravar o cenário de falhas de atendimento médico

Escrito por Folhapress ,

No mesmo dia (sexta-feira, 17) em que o governo do Rio de Janeiro decretou estado de calamidade pública, o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu uma nota oficial em que manifestou sua preocupação com a capacidade da rede pública de saúde da cidade durante os Jogos Olímpicos.

O CFM lembra que a rede pública do Rio já está sobrecarregada e que a chegada de estimados 800 mil turistas vai agravar o cenário de falhas de atendimento médico.

"Os dados de fiscalização do Cremerj [conselho regional] indicam déficit de leitos na rede, falta de profissionais da saúde, baixo estoque de sangue e hemoderivados e precariedade no acesso a insumos e medicamentos nas unidades públicas", diz o texto.

"Também não se conhece a existência de plano de contingência para atendimento da população e de turistas que inclua estratégias para remoção rápida de casos graves."

A partir das constatações, o CFM "alerta as autoridades e organizadores para que tomem providências a fim de evitar que o megaevento esportivo comprometa ainda mais as dificuldades de acesso à assistência à população local".

Leia abaixo a nota na íntegra:

Diante da proximidade dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro, o Conselho Federal de Medicina (CFM) vem a público manifestar sua preocupação com os preparativos implementados pelas autoridades para garantir o funcionamento adequado dos serviços de saúde na rede pública, em especial os de urgência e emergência.

Conforme tem alertado o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), a estrutura médico-hospitalar da capital fluminense se encontra com sérios problemas. Neste cenário, a realização deste megaevento esportivo deve comprometer ainda mais as dificuldades de acesso a assistência pela população local, devido a sobrecarga causada com a estimativa de passagem pela cidade de 800 mil turistas durante os dias de competições.

Os dados de fiscalização do Cremerj indicam déficit de leitos na rede, falta de profissionais da saúde, baixo estoque de sangue e hemoderivados e precariedade no acesso a insumos e medicamentos nas unidades públicas. Também não se conhece a existência de plano de contingência para atendimento da população e de turistas que inclua estratégias para remoção rápida de casos graves.

Além disso, o Comitê Organizador Rio 2016, que garantiu a contratação de 146 ambulâncias e de quase mil profissionais para atuar nos Jogos, não deu mais informações sobre o nível de qualificação e treinamento das equipes. Tudo isso gera intranquilidade e coloca o Rio de Janeiro em situação de risco, num momento em que a atenção de todo o mundo estará direcionada para o Brasil.

Assim, o CFM alerta ao Governo, em suas três esferas de gestão, e aos organizadores dos Jogos para a necessidade de tomarem providências que evitem os problemas que possam surgir. Portanto, é relevante ter transparência e diálogo com a sociedade. As entidades médicas se colocam à disposição para contribuir neste esforço, em defesa da saúde e da vida dos turistas e da população.

Brasília, 17 de junho de 2016

Conselho Federal de Medicina (CFM)