Caso Miguel: Sari Corte Real se torna ré e tem 10 dias para apresentar defesa à Justiça

Ela era responsável por Miguel Otávio, que é filho da ex-empregada doméstica dela, quando o menino subiu de elevador sozinho até o 9º andar do prédio de onde caiu e morreu

Escrito por Redação ,
Legenda: A primeira-dama de Tamandaré (Litoral Sul), Sari Gaspar Corte Real, em entrevista para o Fantástico
Foto: Reprodução/TV Globo

A primeira-dama da cidade pernambucana de Tamandaré Sari Corte Real virou ré e tem o prazo de dez dias para responder à acusação de abandono de incapaz com resultado de morte no caso do menino Miguel, de 5 anos que caiu do 9º andar de um prédio no Recife.

Ela era responsável por Miguel Otávio, que é filho da ex-empregada doméstica dela, quando aconteceu a tragédia em 2 de junho. A mãe da criança, Mirtes Souza, havia saído do apartamento para passear com o cachorro da então patroa.

Na noite desta terça-feira (14), a Justiça recebeu a denúncia do Ministério Público de Pernambuco, que inclui agravantes de crime contra criança durante calamidade pública, no caso, a pandemia da Covid-19, de acordo com informação do G1 Pernambuco. O magistrado, para receber a denúncia, alegou "indícios de autoria e materialidade do delito" bem como a legitimidade do MPPE para propor a ação.

A ex-patroa de Mirtes poderá responder à acusação por escrito no prazo de dez dias, podendo alegar tudo o que interessa a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas. A decisão foi tomada apenas 12 dias depois que o MPPE recebeu o inquérito policial para analisar os autos da investigação e tomar a decisão. 

 

Legenda: Miguel e sua mãe, Mirtes Santana, que prestava serviços domésticos para Sarí Corte Real
Foto: Reprodução

> Ato em Recife pede justiça para menino que morreu enquanto estava aos cuidados da patroa da mãe

> Caso Miguel: manicure que atendia patroa dá depoimento à polícia

 

Passeata 

Parentes e amigos da família de Miguel organizaram passeata pelas ruas do Centro do Recife nesta segunda-feira (13). O ato era justamente pedindo atenção do Ministério Público de Pernambuco ao caso.  

Foto: Reprodução

Abandono 

De acordo com a polícia, Miguel Otávio deixou o apartamento de Sari para procurar a mãe e caminhou até os elevadores do condomínio. Câmeras de monitoramento do edifício mostram que, por pelo menos em quatro ocasiões, a primeira-dama de Tamandaré conseguiu convencer Miguel a sair dos elevadores social e de serviço.  

Na quinta tentativa, o menino entrou no elevador de serviço, e a patroa de Mirtes pareceu apertar o botão da cobertura. Esse toque, segundo a perícia, aconteceu. Na sequência, Miguel apertou vários botões e ficou sozinho no elevador, que parou no segundo andar, mas o menino não desceu.  

No nono andar, o menino saiu do elevador e abriu uma porta. De acordo com a polícia, ele escalou uma janela, usou a condensadora de ar-condicionado como escada para descer do outro lado e subiu uma grade. Uma das hastes se soltou e, com isso, ele caiu de uma altura de 35 metros.  

Declaração de Sari 

Durante uma entrevista ao programa Fantástico, Sari disse que Miguel teria aberto sozinho a porta do apartamento para ir atrás da mãe. "Ele corre para o elevador, chama o elevador, num instante ele chega. Aí, quando abre a porta, eu digo 'Miguel, você não vai descer, volta pra casa, espera sua mãe", afirmou a primeira-dama de Tamandaré.  

Sari disse ainda que não apertou o botão da cobertura no elevador. "Eu só botei a mão, fazendo como se eu fosse acionar. Para ver se eu conseguia convencer ele a sair, se dessa forma ele achasse que ia ficar lá e fosse sair", declarou. 

“Eu sinto que eu fiz tudo que eu podia e, se eu pudesse voltar no tempo, eu voltava. Se eu soubesse que tudo isso ia acontecer, eu voltava e ainda tentava fazer mais do que eu fiz naquela hora”, afirmou a primeira-dama.