Saudações a quem tem coragem

Santo Agostinho dizia: “a esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão e a coragem, a mudá-las”. O mais desafiador momento do Brasil recente requer, primeiramente, coragem. Esta palavrinha tão importante – e quem é nordestina e piauiense com orgulho como eu sabe bem – que significa agir destemidamente e ter firmeza de enfrentar situação difícil.

É neste cenário nacional de grave crise socioeconômica, desemprego, instabilidades das instituições e, principalmente, de perdas de direitos, que a Defensoria Pública imprime a função de baluarte aos mais vulneráveis e de alicerce para o bom funcionamento do Estado Democrático de Direito. É a porta que abre para o pai de família endividado negociar os juros abusivos, para a mãe que perdeu a casa em território dominado pelas facções, para os povos tradicionais ameaçados pela especulação do capital, para resguardar o direito de viver da pessoa em situação de rua. A todos que vivem à margem, onde as políticas públicas falham ou nem chegam.

A expansão da Defensoria e a solidificação e sua presença no interior é uma necessidade proeminente do povo do Ceará que sofre, não só as intempéries do tempo, mas muitas ausências. É urgente a ampliação do quadro de defensores – já que a instituição tem apenas 314 membros e a metade disso em cargos vagos. Além disso, está expresso na Emenda Constitucional 80/2014: o Estado brasileiro deve investir na expansão do órgão dotando até 2022, defensores em todas as comarcas.

Seguimos confiantes de que conseguiremos imprimir o crescimento necessário à Defensoria, contando com sensibilidade e diálogo com os demais poderes e com a raça dos defensores e defensoras do Ceará. Parafraseando Aristóteles, é tempo de lembrar que “a coragem é a primeira das qualidades humanas, porque garante todas as outras”. Vida longa à destemida Defensoria!


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