Editorial: Rochas ornamentais

Quando a economia brasileira retomar o mesmo ritmo de crescimento que experimentava em março deste ano, data em que chegou aqui a pandemia da Covid-19, o Ceará será um dos estados mais beneficiados. É fato que já dispõe de infraestrutura portuária, aeroportuária, rodoviária e de telecomunicação, caminhando ainda para superar um problema secular – o de oferta hídrica, o que será possível até o fim do primeiro semestre do bastante próximo ano de 2021 com a definitiva conclusão e operação do Canal Norte do Projeto São Francisco de Integração de Bacias, cujas águas chegarão ao seu destino final, o açude Castanhão. 

Em todos os setores de sua economia, o Estado anota fortes índices de incremento. Vale destacar a agricultura cearense, setor que dia a dia descobre novas fronteiras, recebendo investimentos privados em áreas como a da cotonicultura e da triticultura, para o que utiliza o melhor que a tecnologia mundial oferece.

Mas um novo setor econômico do Ceará começa a mostrar seu potencial – o da mineração, mais especificamente o de rochas ornamentais, incluídos os mármores e os granitos. Do chão sertanejo cearense estão sendo extraídos e exportados – embora ainda timidamente beneficiados – alguns dos mais belos granitos do mundo, o Branco Ceará, uma dádiva da natureza que só é encontrado em Santa Quitéria, na região Norte do Estado. Esse granito já foi escolhido para revestir os templos mórmons de Brasília e Salvador. E são eles que revestirão seis novas torres residenciais – cada uma com 24 andares – na cidade de Xiamen, na China, que, por sinal, é um grande importador das rochas ornamentais cearenses. Há mais: a beleza dos disputados quartzitos Taj Mahal, Perla Venata e Perla Santana, produzidos em Uruóca e Santana do Acaraú, também no Norte do Estado, foram descobertos pelos importadores italianos e norte-americanos e sua extração e exportação já anotam um incremento de 30% em relação ao ano passado.

Não obstante o entusiasmo do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos do Ceará (Simagran-CE), é de se lamentar que a maioria das rochas ornamentais exportadas daqui para a América do Norte, Europa e Ásia ainda não agreguem valor, isto é, ainda são embarcadas em estado bruto, sem beneficiamento. Mas o presidente do Simagran, Carlos Rubens Alencar, acena com a boa notícia de que duas grandes mineradoras, uma local e outra do Espírito Santo, que é endereço das maiores empresas do setor, deverão implantar na ZPE do Pecém plantas industriais que transformarão as rochas cearenses em peças prontas e acabadas para imediata aplicação em monumentos públicos ou empreendimentos privados em qualquer país do mundo.

Nos últimos cinco anos, empresas cearenses e capixabas já investiram aqui, em projetos de pesquisa e lavra, o equivalente a R$ 650 milhões. O sonho da industrialização já esteve mais longe. O Ceará tem uma vantagem comparativa: seu principal porto, o do Pecém, fica ao lado da ZPE e a poucos quilômetros, por rodovia e ferrovia, das zonas de extração das rochas. É esse diferencial que está a atrair atenção das grandes empresas locais, do Espírito Santo e de Minas Gerais.