Editorial: Economia em recomposição

Há perspectivas diferenciadas na economia, segundo o Governo Federal. E isso certamente deve ser saudado por muitos, considerando a sequência de dificuldades verificadas no País nos últimos anos, por razões internas e externas, políticas ou não. Um dos pontos aos quais cabe destaque é o de que as instituições financeiras reduziram a estimativa para a inflação deste ano. Já é a 10ª vez consecutiva que essa projeção decresce.

Agora, tem-se um índice inflacionário de 3,28% projetado para 2019, contra os 3,42% que eram estimados anteriormente. A diferença é de 0,14 pontos - o que pode parecer modesto, mas, diante dos números superlativos que costumam envolver a economia nacional e do encadeamento crescente que se verificava, é algo bastante significativo. 

Não é só isso. Outro indicador importante também sofreu modificações. É o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período), que registrou, nas contas divulgadas pelo Governo, expansão de 0,07% em agosto em relação a julho deste ano.

O IBC-Br é um meio de conferência da evolução da atividade econômica brasileira. Com essa finalidade, ampara o Banco Central na tomada de decisões referentes à taxa básica de juros, a Selic.

Em comparação com agosto do ano passado, o Índice de Atividade Econômica verificou redução de 0,73%. No ciclo de 12 meses encerrados em agosto, esse indicador cresceu 0,87%. No decorrer deste ano, o crescimento apurado foi de 0,66%.

Até aí, podem ser enxergados sinais de recomposição de um dos fundamentos da sociedade, que é a economia. É sobre essa base que se sustentam elementos como a educação e a saúde públicas, a cultura, as políticas de segurança e, entre muitos, os projetos habitacionais. É esse um mecanismo vital para relações, planos e desenvolvimento, apesar de que quaisquer leituras a se fazerem careçam, sempre, de parâmetros críticos.

Os menos afeitos a números podem até classificar como maçante e impenetrável o cipoal de informações econômicas. Outros podem julgar que esses dados ainda não refletem melhorias diretas para os cidadãos, alcançando apenas empresas privadas e o próprio Governo. Um terceiro grupo pode mesmo reclamar que a relevância dos índices está sendo superestimada pela retórica oficial.

Não se pode classificar de integralmente certas ou integralmente erradas essas colocações. O meio-termo pode ser mais prudente. Os pontos de vista, afinal, variam conforme o posicionamento técnico e político de quem os emite. O que não tem como variar é a verdade, diferentemente das versões. A verdade é uma só, imutável e inquebrável - independentemente de como a história seja conduzida.

O que se deve ter em conta é, sim, a capacidade de se estimular a recuperação econômica e a restauração de planos, a retomada dos empregos e da capacidade de investimento dos empreendimentos particulares e do Estado, a eficiência e a otimização dos serviços. Isso, claro, está muito além da mera construção discursiva e do simples otimismo oficial. O País precisa, de fato, de sinalizações novas.
 


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