Editorial: Aproximação com a China

Brasil e China estão compartilhando, a partir da viagem do presidente Jair Bolsonaro ao País asiático - a segunda maior potência econômica do planeta -, a possibilidade de efetivação de intercâmbios de cientistas, acadêmicos, estudantes de pós-graduação e pós-doutorandos. O acordo, firmado entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação Nacional de Ciência Natural chinesa, também estabelece a promoção de pesquisa em educação e áreas relacionadas; o fomento à parceria entre universidades; o patrocínio de seminários, workshops e conferências; e a realização de programas conjuntos de pesquisa e projetos.

As instituições brasileira e chinesa têm ainda a meta de ampliar canais de comunicação entre jovens cientistas e pesquisadores, assim como a de aprofundar as colaborações científicas e tecnológicas.

Não é pouco, levando em conta as demandas de qualificação que se têm no Brasil. Não se pode, afinal, cerrar uma cortina de ferro à frente do saber, que é patrimônio da humanidade e compõe a dignidade do cidadão, sob argumentos ideológicos medievais.

Os termos ajustados definem que os governos poderão financiar jovens cientistas e pesquisadores que concluírem cursos de doutorado em um período de cinco anos antes da apresentação de propostas.

E que caberá ao país de origem arcar com os custos de viagens internacionais, seguros e bolsas de estudos, ficando o receptor garantirá aos jovens condições para as atividades de pesquisa e acesso a material bibliográfico durante o período de intercâmbio.

Estabeleceram, ainda, ajustamentos com outros agentes, a exemplo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Academia Chinesa de Ciências, que devem instituir um laboratório virtual para desenvolver pesquisas de caracterização de germoplasma, edição de genoma e genética funcional na cultura da soja.

Em qualquer análise, permite-se a conclusão de que deram-se passos largos e decisivos não apenas no rumo de um acerto operacional convencional, mas da derrubada estratégica de muralhas ideológicas.

Em resumo, deram-se passos certeiros no sentido da inteligência. Consolida-se, dessa maneira, um comportamento que enaltece a cooperação em lugar da hostilidade, que destaca o compartilhamento e a parceria em vez da provocação e da competição.

A repercussão de ondas de conhecimento talvez seja, em médio e longo prazos, um dos efeitos mais benfazejos de cooperações internacionais desse porte. Tanto para um lado quanto para o outro. E é possível mesmo que equilibre com os elementos da justiça as relações entre nações, tanto as empreendidas pelo Brasil quanto as que são protagonizadas pela China.

É óbvio que a execução de projetos desse nível não termina com a mera assinatura de convênios. É preciso, de um lado e do outro, a implementação de medidas complementares de ordens técnica e tecnológica, administrativa e operacional. Muito além da vontade política está a decisão política, portanto, e isso é uma regra inquebrantável em qualquer campo.


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