Editorial: A educação e o futuro

O tempo não para, como diz a canção. Parece uma afirmação óbvia, mas o ritmo irregular da política faz despontarem, reiteradas vezes, discursos que falam em volta ao passado. Por vezes, tal movimento é investido de um sentido positivo, num exercício de saudade de tempos que se julga terem sido melhores do que o presente; ora negativo, explicitando o que houve de ruim e que deveria ficar para trás, sepultado no passado. Desde o começo, século XX, com sua vocação para a inovação permanente, vive-se com o lembrete diário de que o tempo avança, sem vacilo, e que a vida muda incessantemente e de forma cada vez mais veloz. A tecnologia não permite que se esqueça disso.

A economia não é o único território de embates utilizado pelos atores da política nacional. Ainda que a reforma da Previdência concentre a maior parte das atenções, com opiniões contundentes a favor e contra a proposta encaminhada pelo Governo Federal ao Congresso Nacional, há outros campos de batalha vivendo dias igualmente intensos. Um deles é a Educação. Falar da educação é sempre um exercício de pensar num presente que se fará futuro. É pensar ações para o hoje que tenham resultados sólidos amanhã.

Contudo, nem sempre esses debates parecem estar alinhados com a percepção de que o tempo não para e de que, inexoravelmente, ele avança. Há questões da maior seriedade sendo debatidas, pelos mais diversos setores da sociedade e do Poder Público; mas há também discussões desde o início estéreis, que apenas têm contribuído para a manutenção da polarização política nem sempre razoável que só tem trazido prejuízos ao País.

Deve-se concentrar nas questões fundamentais e se convocar, sempre, as cabeças mais capacitadas e atualizadas para gestar o futuro que se deseja viver no Brasil. Evento recente, realizado na França e tendo as relações entre educação e inteligência artificial, faz parecer anacrônicos alguns debates, pouco precisos, em torno de questões ideológicas. Faltam, em casos assim, concretude, condições objetivas de aplicação e mesmo resultados mensuráveis. Pensar a educação em tempos cada vez mais dominados pela tecnologia é não apenas mais claro, como urgente. Não à toa a este assunto dedicaram energia a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a União Internacional de Telecomunicações (UIT), a Fundação ProFuturo e a empresa Skillogs.

Em Paris, representantes de governos, do setor privado, de segmentos ligados à educação e especialistas discutiram como usar a Inteligência Artificial para melhorar os sistemas de gestão do ensino e métodos de aprendizagem. O objetivo é assegurar a equidade da oferta de conteúdos pedagógicos e a inclusão de grupos sociais vulneráveis.

O professor aqui ainda continua desempenhando papel central, mas técnicas e tecnologias experientes devem ser mais usadas para dar suporte a ele e aos estudantes, de todas as fases do processo educacional. Exemplos bem-sucedidos de quem investe nesse caminho já podem ser vistos, em países como China e Japão. Os resultados, nas mais diversas áreas, são bem conhecidos e servem de espelho para quem almeja um país plenamente desenvolvido.