Retomada escolar

A partir de amanhã, parte das unidades escolares da rede privada começará a retomar suas atividades presenciais. Como aconteceu em outros setores, o retorno será gradual e, de início, apenas uma fração dos estabelecimentos receberá, em suas salas de aulas e demais instalações, os alunos que têm sido assistidos de maneira remota desde março.

Antecedido por muita expectativa e por mobilização de profissionais do setor educacional e familiares de estudantes, o anúncio foi feito pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de Fortaleza. Por ora, a liberação alcança apenas creches e outras unidades que ofereçam o serviço pré-escolar. Os estabelecimentos devem começar a operar com, no máximo, 30% da capacidade.

O anúncio levou a uma procura intensa, no fim de semana, por testes para detectar a infecção pela Covid-19 pelos profissionais de Educação. Como a demanda é alta, e se soma a já corrente busca por pessoas diversas, o Governo estabeleceu um protocolo de testagem específico para os profissionais da rede particular de Educação, na Capital e na Região Metropolitana de Fortaleza.

O procedimento deverá ocorrer em cada escola ou creche a ser reaberta, a partir do dia 1º de setembro. Caberá à Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) fornecer equipamentos de proteção individual (EPIs) e o material necessário para a realização dos exames, sendo exigido da escola o destacamento de um representante a ser encarregado de realizar os testes.

O anúncio marcou o primeiro passo na retomada presencial do setor educacional. Inicialmente, ainda em junho, havia sido sinalizado que as escolas poderiam ser incluídas na Fase 4 do "Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais do Estado do Ceará", implementada na última quinzena de julho. Motivações sanitárias levaram a se protelar a reativação, o que gerou debates e dividiu opiniões sobre os rumos a serem tomados e os prazos a se estabelecer.

A demora não foi sem razão: traduz a complexidade da situação. O caso das escolas é, sem dúvida, um dos mais intrincados e desafiadores, no contexto da retomada das atividades presenciais suspensas por conta da pandemia do novo coronavírus. Diz respeito não apenas às famílias de alunos e àqueles que trabalham no setor. O emaranhado de questões exige que se equacione saúde pública, economia, necessidades pedagógicas e problemas sociais.

Há questões econômicas sérias - a sobrevivência do setor, no que toca à iniciativa privada, que viu unidades fecharem e o número de estudantes matriculados diminuir; e há também a dificuldade de pais, que já voltaram a seus postos de trabalho presenciais, de manterem seus filhos em casa. No que toca a questões pedagógicas, destacam-se pontos como o da importância da socialização presencial, sobretudo no seguimento pré-escolar; descontinuidades de processos de aprendizado; e mesmo o descompasso tecnológico, que impacta no aproveitamento do ensino remoto.

Em meio a tudo isso, deve-se destacar o imperativo de se manter o rigor na observância dos protocolos sanitários, nas atividades educacionais, e em todas aquelas atuando de forma presencial, Cuida-se, assim, do bem-estar comum, que, como a pandemia não deixa esquecer, é necessariamente coletivo.