O sol é para todos

Dados apurados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), com base em informações de organismos da gestão federal, indicam que vantagens advindas do uso da energia solar na geração distribuída alcançam todos os consumidores brasileiros e, de resto, a economia do País. Cerca de 70% dos municípios brasileiros já estariam sendo diretamente favorecidos com esse tipo de sistema, com a geração de mais de 100 mil empregos.

Não se trata apenas da retórica otimista produzida por um ramo que busca abrir novos espaços no cenário nacional, mas de dados positivos que se repetem em diferentes países. Ressalte-se que a instituição congrega a cadeia produtiva do setor com atuação no Brasil.

Segundo a Absolar, cada R$ 1 investido em sistemas fotovoltaicos de pequeno e médio portes - em geral voltados para o abastecimento de residências, estabelecimentos comerciais e industriais, propriedades rurais e mesmo de prédios públicos - representa R$ 3 em ganhos elétricos, econômicos, sociais e ambientais aos brasileiros.

É, de fato, uma relação bastante significativa. Esse cálculo, segundo a entidade, utiliza informações sobre investimentos feitos na área desde 2012, tendo em conta os incrementos de arrecadação dos governos federal, estaduais e municipais.

A partir daquele ano, consumidores brasileiros já teriam aplicado valor superior a R$ 8,4 bilhões em estruturas de geração distribuída solar fotovoltaica, de acordo com a associação. A "matéria-prima", pode-se dizer assim, embora com certa licença, é sabidamente abundante no Ceará e no Nordeste, o que oferece aos segmentos público e privado vantagens competitivas diante de regiões menos ensolaradas.

Vale lembrar que o Consórcio Nordeste, em novembro de 2019, que reúne os nove estados da Região, promoveu missão à França, Itália e Alemanha e, na prospecção de novos projetos e parcerias com governos, empresas, instituições e fundos de investimentos, destacou com ênfase especial as peculiaridades locais em energias renováveis, entre outros pontos ressaltados.

Essa articulação merece destaque, ampla e efetivamente. Sobretudo por despontar de uma articulação política pluripartidária e da conjunção de interesses e esforços autenticamente regionais.

Mas existe agora uma espécie de queda de braço entre setores da economia e empreendedores que apostam na energia processada com a captação da luz solar. Sob pontos de vista técnicos distintos, pondera-se sobre a possibilidade de se instituir taxações tributárias sobre os resultados das fontes fotovoltaicas, o que é contestado por aqueles que fazem uso da tecnologia. Ainda que sem pronunciamentos consensuais, as administrações estaduais têm se mantido a distância - como se esperando no que vai dar o imbróglio.

Não deve o cidadão considerar essa como a única solução para seus problemas ou para os desafios de desenvolvimento e superação que o Nordeste enfrenta. Nem de longe. No entanto, nada pode ser mais adequado de que acrescentar meios tecnológicos, limpos e baratos às possibilidades de geração de energia para tarefas cotidianas, sejam das famílias ou das empresas. A isso se chama modernidade.


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