O Ceará na fase 4

No princípio de junho, foi implementada a primeira das cinco fases do Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais, elaborado pelo Grupo de Trabalho Estratégico, contando com o staff do Executivo cearense, representantes dos setores produtivos e da sociedade civil, e submetido à análise do Comitê de Saúde do Estado. Passou a valer, ali, a fase de transição que, na Capital, foi seguida das demais fases - de 1 a 4 -, mais ou menos dentro dos prazos previstos.

Contudo, o plano foi posto em prática de acordo com indicativos sanitários. Como a situação em todo o Ceará não era uniforme, por semanas, o Estado teve fases distintas, aplicadas simultaneamente, em acordo com a realidade de cada localidade. Enquanto os números de mortes e novos casos de infecção recrudesciam e se estabilizaram em determinadas partes, em outras ainda seguiam sua tendência de alta. A situação, felizmente, se encaminhou para a possibilidade de que, de par a par, as cidades do interior e do litoral chegassem a uma fase comum.

A partir de hoje, todas as regiões do Ceará passam a figurar na Fase 4 do Plano de Retomada. Ao longo de sua implementação, algumas atividades presenciais previstas para serem autorizadas continuaram em suspensão ou passaram a operar de forma mais controlada do que o esperado. Há movimentações no sentido de sensibilizar o Governo para rever alguns pontos, em especial do setor educacional. A incógnita permanece, ainda que as autoridades públicas estejam fundamentadas nas recomendações de especialistas.

Ter todo o Estado na Fase 4 é um indicativo de que os municípios cearenses progrediram em seus esforços para conter a disseminação da Covid-19. No entanto, é importante que se tenham em vista alguns pontos. O primeiro é o de que a doença ainda não foi superada. Não há uma vacina testada e reconhecida por toda comunidade internacional e, quando esta chegar a ser estabelecida, será necessário um tempo adicional até que campanhas amplas de imunização garantam a segurança de todos. No que toca o tratamento clínico da doença, muito se avançou, mas a Covid-19 carece de remédios e procedimentos que sejam inequivocamente eficientes e aplicáveis às diversas manifestações da doença.

O segundo ponto que exige ser salientado é o do significado do plano de retomada e de suas fases. Ele não se pode ser entendido segundo um modelo narrativo, como se uma fase sucedesse a outra, necessariamente, como numa sequência de episódios. A Fase 4 não é exatamente uma conclusão, para a qual não caibam retrocessos. Não se trata aqui de adotar uma visão pessimista, mas consciente, responsável e comprometida com o bem comum.

Para que o chamado "novo normal" seja viável, é fundamental que as instituições, públicas e privadas, e o cidadão se invistam de um espírito vigilante, renovando sempre seu compromisso com os cuidados necessários para manter baixas as taxas de contágio da doença. A continuidade das atividades produtivas e sociais, de forma presencial, é uma conquista diária, para a qual nenhum esforço é dispensável. O momento é de celebração, sóbria e responsável, para que se alimente o ânimo necessário a uma caminhada ainda longe de ter seu fim.