No meio do caminho

Três meses e meio já decorreram desde os primeiros registros da Covid-19 no Ceará. O período foi marcado por uma série de intervenções por parte do poder público e a adoção de novas práticas, alinhadas à necessidade de prevenção. Foi um tempo de aprendizados e desafios, úteis ao presente, na atual fase de enfrentamento da pandemia; ao futuro, visto que a superação das crises decorrentes da emergência sanitária não virá sem esforço.

Os dias atuais não são mais fáceis de se manejar do que as semanas precedentes, desde meados de março. A situação exige respostas, ao mesmo tempo em que sobram dúvidas, ainda não sanadas e partilhadas por governos de todo o mundo.

A própria doença não cessa de surpreender pesquisadores, pela miríade de manifestações, num sem-número de sintomas secundários. Ainda não são de todo conhecidos os efeitos sobre o organismo humano, provocados pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Enquanto isso, pesquisadores, em diversas frentes, buscam validar tratamentos eficientes contra a Covid-19; outros, em centros de pesquisa de diversos países, num esforço colaborativo, buscam vacinas contra a enfermidade.

A questão sanitária em aberto torna ainda mais impreciso os cenários social e econômico. A despeito das dúvidas, as ações não podem ser proteladas ou evitadas. Os reflexos da emergência da saúde pública se fizeram sentir, nestas áreas, de pronto. Suas consequências são sentidas pela população e pelos setores produtivos. Vive-se, portanto, diante de desafios ainda absolutamente inéditos, pois as questões sanitárias em aberto.

No Ceará, está em curso o Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais, que chegou a sua segunda fase. A sequência das etapas tem sido dada com o aval das autoridades de saúde do Estado. Indicativos como os números de novos casos de infecções e de mortes pela Covid-19, bem como da ocupação de leitos, têm se mantido dentro do esperado. Passou-se pelo pico da doença e a tendência de recrudescimento dos índices negativos se confirmou, mesmo com a reabertura de empreendimentos e serviços de diversas ordens, suspensos durante a quarentena e o lockdown.

O caso de Fortaleza, primeiro epicentro da pandemia no Estado, tem evoluído, no sentido de controlar a propagação da doença e de garantir, na rede atendimento médico, condições de responder à demanda por consultas, testes, tratamentos e internações. Contudo, a situação de alguns municípios do Interior inspiram cuidados especiais, reforço na estrutura hospitalar e medidas preventivas mais rigorosas.

O caso não é contraditório. Não difere do que se observou em outras partes do mundo. Na verdade, serve de alerta para o fato de que a pandemia ainda não foi superada e que os cuidados não podem ser deixados de lado. Disciplina, rigor, empatia e senso de cidadania são necessários. São indispensáveis até. Não é caso para pânico, pois a estrutura de saúde no Estado foi reforçadas e métodos preventivos já foram testados e reconhecidos como eficientes, caso do uso das máscaras. Ainda há dúvidas, mas as certezas que se tem são promissoras.