Lições de 2020

Encerra-se hoje o último ano da segunda década deste Século XXI. Amanhã, o sol nascerá para iluminar o ano de 2021, em torno do qual a humanidade — açoitada em 2020 por uma pandemia que segue alargando suas trágicas estatísticas — põe todas as suas esperanças, a primeira e mais urgente das quais é no êxito da campanha de vacinação contra a Covid-19. O Brasil e os brasileiros estamos igualmente esperançosos de que, além da imunização contra o coronavírus, sem data ainda para começar, o Ano Novo traga, também, a retomada plena da atividade econômica e, com ela, a reabertura dos empregos que a crise sanitária ceifou desde abril, quando teve início a tragédia.

Este 2020, apesar de todos os graves problemas econômicos, financeiros e sociais que causou e segue causando a epidemia, deixará importantes lições, não só para a vida das pessoas, mas para as organizações empresariais, para os governos e para os que governam. 

O isolamento social, que confinou em casa os idosos, grupo considerado de alto risco, mudou a atitude pessoal desse estrato da sociedade, impondo-lhe o “home office”, nova modalidade de trabalho que perdurará mesmo após a vitória total sobre a Covid-19. 

Esse confinamento, porém, fez estrugir, em núcleos familiares, crises de relacionamento que, em muitos casos, eram até então desconhecidas. A crise sanitária criou uma rotina que ainda está sendo digerida por todos nós, e observada para os próximos meses. Apesar das dificuldades, é possível, sim, aproveitar aspectos do isolamento para a rotina profissional e pessoal.

Sob o ponto de vista econômico, 2020 pode ser dividido em duas etapas: a primeira, surpreendente, foi a velocidade com que foram à garra centenas de milhares de empresas e foram extintos milhões de empregos; a segunda, na mesma celeridade, foi a ação do governo da União, que abriu os cofres para socorrer estados, municípios, empresas e a parcela desassistida da população. 

Foi esta ação expedita do Ministério da Economia que manteve a renda e o consumo no pior momento da crise, e foi a sua boa consequência que reduziu a 4,5% a queda do PIB, bem inferior aos percentuais de outros países, incluindo alguns dos mais ricos. 

É verdade que, por causa desse magnânimo pacote de estímulos à economia, a relação dívida-PIB chegou aos inéditos 91%, mas o Governo fez o que manda o manual, evitando sequelas mais danosas. Não só em 2021, mas ao longo dos próximos quatro anos, a conta da Covid-19 será paga por todos os brasileiros, mas este é o preço que a pandemia está a cobrar de suas vítimas.

É para o Ano Novo de 2021, a ser inaugurado amanhã, que se voltam todas as esperanças do mundo e de seus 7,5 bilhões de habitantes. A expectativa é positiva porque a ciência, mais uma vez, em tempo recorde, criou, desenvolveu, testou e já começou a aplicar vacinas para imunizar a população do planeta. Com um detalhe relevante: os imunizantes são potentes também contra as variantes já conhecidas da Covid. Os brasileiros temos, similarmente, a esperança de que, ao longo do próximo mês de janeiro, começará a campanha de vacinação contra o novo coronavírus. Quando isso acontecer, aí sim, poderemos proclamar 2021 de Feliz Ano Novo.


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