Isolamento social

Não há alternativas à extensão do tempo previsto para criação das medidas de isolamento social, no Ceará. A retomada das atividades da sociedade, com a regulamentação da circulação dos cidadãos e a reabertura de comércios, indústrias e de estabelecimentos de prestação de serviços ainda não será possível, como anseia toda a população. Contra este desejo comum, atua a dura realidade da pandemia. No Estado, a doença ainda está em sua fase de expansão: os casos se multiplicam, rumo ao pico e ao repique de infecções, até então projetados para o fim deste mês e para as últimas semanas de maio, respectivamente.

Passar pelos dias mais difíceis da crise de saúde não se assemelha a tomar um remédio amargo, cuja melhor saída é tomar de uma vez a quantidade necessária, o mais depressa possível. Estes dias podem ser ainda piores, com o agravamento de suas consequências. No caso de uma pandemia tão danosa quanto a do coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), a piora deste quadro implica um maior número de pessoas necessitando de cuidados médicos, sobrecarga no sistema de Saúde e, consequentemente, mais mortes. O agravamento dos problemas sociais também sofreria suas consequências.

Há muito que pode ser feito. Para frear o contágio e, assim, poupar os hospitais, de forma que eles e suas equipes tenham condições de atender os doentes adequadamente, as pessoas e instituições devem atuar de forma coordenada e harmoniosa, seguindo as medidas protetivas. O distanciamento físico, com seus inevitáveis impactos na economia e no estado emocional das pessoas, é o remédio amargo que, por ora, não tem substituto viável.

O que se viu, na Ásia, inicialmente, e no resto do mundo, concomitantemente à crise no Brasil, foi a eficiência desta medida. Onde quer que ela esteja sendo flexibilizada, o método seguido envolve prudência e um processo gradual. A ideia é que a imprudência não tome a frente nas decisões e que, em cenários mais controlados, volte-se a ter uma “recaída”, com nova escalada da infecção da população.

No que toca aos serviços de saúde pública, é preciso garantir que o poder público tenha condições de fortalecer sua estrutura. É necessário não apenas recursos financeiros, mas tempo. Há um problema real e incontornável: a falta de insumos e equipamentos disponíveis no mercado internacional. Como o problema é mundial, a demanda por estes produtos também o é. O risco de vida que se abate sobre as populações de todas as geografias torna esta busca urgente. Dispor de dinheiro não resolve toda a situação - esperar é preciso.

Evidentemente, há outros problemas relacionados à crise, que demandam atenção. Exigem ações assertivas para minimizá-los e, também importante, serenar os ânimos, tensos por tudo o que acontece. Caso da economia, que não deixa a pauta desde os primeiros dias da pandemia no País. É importante que o Estado – em suas instâncias Federal, estadual e municipal – e o cidadão encontre o ponto de harmonia, evitando o desgaste e o embate. As soluções eficientes serão, necessariamente, transversais; encaminhá-las exigirá esforços, obrigatoriamente, convergentes.


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