FUTURO DO MAR

Comemorou-se o Dia Mundial do Mar. O Ceará tem colhido a glória que é não dar as costas para o mar e, pelo contrário, tê-lo como uma porta de entrada. Mais do que nunca, os potenciais turístico, esportivo e energético, portanto econômicos, têm nos alertado para outras questões, que passam pela conservação ambiental.

É como se o Ceará tivesse uma porta com 576 quilômetros, a extensão do nosso litoral. O local que se fez estrada para os desbravadores dos séculos passados hoje carrega parte da nossa economia, bem como, em breve, ampliará o nosso potencial energético, por meio das usinas eólicas off-shore. Qualquer dia que se olhe para o mar, lá está do jangadeiro em busca de seu sustento ao desportista em canoas havaianas, a veleiros dançando conforme o vento, ou o navio trazendo para os portos novos carregamentos e levando outros.

Lugar estratégico no Atlântico Sul, a costa cearense é, há mais de dois séculos, meio e fim de muitas embarcações que cruzam o oceano entre oriente e ocidente com destino ao mar do Caribe. Não à toa, o mar do Ceará possui dezenas de naufrágios, quase uma centena, dos mais diferentes tipos e gerações, inclusive embarcações militares ativas na 2ª Guerra Mundial. Veio das águas da enseada do Mucuripe a história de Chico de Matilde, o Dragão do Mar, num levante contra o desembarque de navios negreiros. Com chuva ou sol, as velas do Mucuripe saem para pescar; a praia de Iracema, pré-pandemia, acostumou-se a ver passeando veleiros noturnos com suas luzes e turistas de várias partes do mundo; os mergulhadores com seus cilindros compressores buscam tesouros, na forma de sítios arqueológicos; as comunidade de golfinhos e tartarugas-marinhas seguem fazendo seu balé suave em nossas águas.

O Ceará tem o Parque Marinho da Pedra da Risca do Meio, uma dos mais importantes ecossistemas marinhos de toda a costa brasileira, com fauna e flora exuberantes e concorrentes naturais da badalada Fernando de Noronha. Mas o mar é, também, destino diário de toneladas de resíduos sólidos e de esgotos, despejados de maneira indiscriminada. Um contrassenso para onde mais se deveria preservar, por tanto o que nos dá.

Há quatro anos, Fortaleza sedia um evento pioneiro do Nordeste, a Semana do Mar, que se encerrou ontem e reuniu cientistas, historiadores, desportistas e empresários, além de instituições como a Marinha do Brasil. Por conta da pandemia, o evento deste ano deu-se de forma virtual. Curiosamente, propiciou a um público mais diverso conhecer, por meio das 'lives', as discussões em torno do que é desenvolvido no mar. É possível conhecer a amplitude dos estudos desenvolvidos por entidades como o Instituto de Ciências Marinhas, da Universidade Federal do Ceará, mais conhecido como Labomar; ou as estratégias desenvolvidas pela Marinha do Brasil, como o Atlas Marinho do Ceará. O Ministério do Mar de Portugal, representado nesta semana no Ceará, tem mostrado excelentes iniciativas de como gerir atividades nesse imenso território marinho.

A abundância natural, somada aos ventos, aos sítios arqueológicos, ao caminho dos navios cargueiros, à fauna e flora diversas trazem a importância do mar do Ceará para o desenvolvimento do presente e do futuro.


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