Educação em destaque

Nesta semana, o Ceará ganhou projeção nacional por apresentar o melhor desempenho no Ensino Fundamental do País. Relativos ao ano passado, os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) - divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) - comprovam a conquista.

O Estado registrou a maior evolução histórica do Brasil no que toca ao nível de aprendizado nas séries do 1º ao 5º ano, saltando da estatística de 2,8 em 2005 para 6,3, em 2019.

Um cenário, portanto, bastante animador, realçado pelo fato de que todas as nove escolas cearenses inclusas no panorama das mais bem avaliadas são públicas e estão localizadas no interior.

Além disso, 98,9% das instituições públicas municipais dos 184 municípios do Estado atingiram a nota esperada no ano passado, algo que justifica o vultoso destaque alcançado a partir do levantamento.

Os dados referentes ao Ensino Médio, contudo, são distintos. Desde 2013, o índice registrado no Ceará se manteve abaixo do esperado. Não à toa, a análise do Ideb convoca a um olhar abrangente por parte das autoridades para as várias instâncias do saber da educação básica - suscitando reflexões sobre o que pode ser feito para otimizar o que já está bom e superar os desafios naquilo que apresenta deficiências.

Ainda assim, a experiência educacional cearense é referência para um País que ainda concentra preocupações históricas frente aos níveis de alfabetização. Para se ter uma ideia, levando em conta o referido estudo, apenas 36,4% dos municípios da Região Norte atingiram a meta para a rede pública. E Estados como Amapá, Tocantins, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, entre outros, também não obtiveram um bom desempenho.

Profissionais apontam dois pontos importantes para entender o sucesso em índices de aprendizado no Ceará: a cooperação entre o Estado e os municípios e a adaptação de experiências exitosas. O Governo estadual, por exemplo, oferece vantagens financeiras às cidades que mais progridem nas avaliações. Ao mesmo tempo, também investe no diálogo entre instituições, permitindo a disseminação de metodologias pedagógicas bem sucedidas.

Infelizmente, devido à pandemia de Covid-19, a singular conquista divide espaço com uma preocupação: o descompasso na apreensão de conteúdos por parte de estudantes durante este turbulento momento. Não obstante, o abandono escolar já é um entrave real. A problemática vinha sendo reduzida no Estado nos últimos anos; todavia, considerando os efeitos da crise sanitária, a situação requer que estratégias para combater esse obstáculo sejam redobradas.

Para o retorno ao ambiente presencial de ensino, ainda é necessário resolver vários problemas estruturais, garantindo todo o apoio aos profissionais da educação e aos estudantes para que se efetive o direito ao estudo em um momento no qual as aulas da rede pública continuam acontecendo remotamente. Um maior engajamento entre escola e família é um dos caminhos para revigorar esse panorama. São passos necessários no intuito de manter vivo o fôlego de evolução naquilo que é a real mola propulsora do mundo: o saber.