Editorial: Turismo e economia

O Ceará está inaugurando por estes dias mais uma alta temporada turística. É quando notadamente as áreas litorâneas, assim como os polos religiosos e locais do sertão e das serras, ficam apinhadas de visitantes. Gente de outros estados e de outros países transforma não apenas os pontos pitorescos, mas a economia e a convivência social, numa babel autêntica. Sotaques e idiomas distintos e variados dão ares cosmopolitas à terra de quem é criativo, espirituoso, “arretado”, “invocado” e “danado de bom”, sedentos por tantas cores vivas, tantos sabores, tantas experiências. O comércio fervilha, somando a proximidade da Black Friday – investimento recente e exitoso dos lojistas, em novembro – e das compras natalinas, os restaurantes se esmeram em seus cardápios, a hotelaria saboreia momentos únicos de ascensão, os empreendimentos culturais e de lazer registram fluxos significativos de pessoas e, evidentemente, criam-se expectativas extremamente positivas para temas como emprego e renda – tão almejados pela população.

O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará, vinculado à Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio), calcula que o varejo da capital tem potencial de negociar até R$ 320 milhões nesta estação. Já o Governo do Ceará anuncia que a alta temporada, que segue até fevereiro de 2020, no Carnaval, deverá atrair 1,18 milhão de turistas, que têm a possibilidade de deixar cerca de R$ 3,2 bilhões em circulação. E esses dados não são puro otimismo, diga-se, mas apurados por meio de levantamentos de órgão oficial junto a empresas que comercializam pacotes de transporte e hospedagem.

Reconheça-se: os números são verdadeiramente alentadores. Primeiro, porque o contingente esperado representa quase 13% dos 9.132.078 cearenses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e corresponde também a cerca de 40% dos 2.669.342 habitantes de Fortaleza. Depois, porque as cifras têm capacidade real de imprimir novos estímulos a uma economia tão combalida por fatores internos e externos - como a sucessão de secas - e, por isso, tão carente e tão merecedora de avanços de porte.

Somando os muitos elementos, conclua-se que estabelecer pontes entre os conhecimentos e as experiências estatais e particulares há de ser, como já se comprovou em muitas oportunidades, a chave para abrir novos e proveitosos horizontes.

Observe-se, particularmente, que a Secretaria do Turismo do Estado, à qual cabe a análise de informações técnicas e a implementação de iniciativas de agregação, é coadjuvante num cenário muito largo e profundo. Embora opere políticas importantes, deve-se notar que pastas como as da Segurança, da Saúde, do Trabalho, da Cultura, da Infraestrutura e mesmo da Fazenda também assumem posições de igual relevância estratégica, considerando a pressão de demandas em setores vários. A mobilização integrada e planejada de todos esses segmentos, incorporando também boas práticas do campo privado.

O Ceará tem, de fato, muito o que mostrar e contar. É uma terra que faz sorrir e dançar, que oferece sonhos e reflexões. Isso é único, deve-se admitir. Importante, pois, é aproveitar com sabedoria o que se tem à mão.