Editorial: Turismo de Fortaleza

O setor turístico foi um dos primeiros a ser afetado pela pandemia da Covid-19. No primeiro semestre, combinavam-se o receio quanto à infecção doença, às dificuldades impostas por medidas de distanciamento social não padronizadas no País e às incertezas da economia e, portanto, dos proventos de parte significativa da população. O cenário não é pleno de certezas e a pandemia ainda não foi superada, contudo, há avanços reconhecidos e adaptações bem sucedidas capazes de garantir um bom nível de segurança que garanta a retomada de setores e atividades, dentre eles, os turísticos.

Retomado em suas atividades, com os necessários ajustes de fins sanitários, o turismo cearense tem diante de si o desafio de se recuperar do baque dos meses parados e da reticência de sua potencial clientela - peleja esta, importante salientar, partilhada com todos os destinos turísticos do mundo. Contudo, bons augúrios sinalizam que a empreitada pode ser bem sucedida. Claro, não se deve esperar que qualquer êxito seja obtido sem empenho e trabalho duro, em articulações do setor privado com as administrações públicas, em âmbito municipal, estadual e federal.

Na avaliação da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), o Estado é essencial para o setor no País, importante sobretudo para fortalecer o mercado doméstico. No contexto da pandemia, registrou-se um crescimento no interesse por turismo de natureza, uma especialidade do Ceará - que oferece opções no sertão, em suas serras e, em especial, no extenso litoral do Estado. As buscas por destinos do gênero saltaram de 10% do total para 54%, nos meses que se sucederam à chegada do novo coronavírus ao Brasil. 

A Organização Mundial do Turismo (OMT) coaduna com avaliação otimista da Embratur para o futuro próximo do setor. A agência internacional aponta o Brasil como o País com maior potencial atrativo na retomada econômica do setor, num cenário pós-pandemia. Foi sinalizado pela Embratur um conjunto de ações publicitárias para promover os destinos brasileiros que investem em “turismo de natureza”, um dos indutores da retomada econômica do setor. Não há dúvidas quanto à capacidade de o Ceará figurar entre os motores dessa vigorosa retomada em anos vindouros.

Se a vocação natural, a estrutura de hospedagem e entretenimento e a capacidade para o trabalho são capitais garantidos para se investir nessa empreitada, há pontos que requerem atenção extra, em tempos de pandemia. Não se podem admitir cenas, como as vistas seguidas meses nos últimos meses, do desrespeito às regras sanitárias que constam nos decretos estaduais e se alinham às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Aglomerações e não observância da necessidade de usar máscaras de proteção, por exemplo, encenam uma normalidade pré-pandêmica. A realidade que ocultam é outra, do aumento do risco de novas infecções. Há de se garantir ao visitante e às populações locais, força de trabalho do setor, condições sanitárias em acordo com o que exige o momento. Mais uma vez, como tudo que diz respeito ao turismo, cabe a uma convergência de ações do poder público com os empreendedores que movem a economia a partir das belezas do Ceará.


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