Editorial: Respeito às regras

Enquanto perdurar a pandemia da Covid-19 e suas ameaças sanitárias e, consequentemente, econômicas, não será excessivo repetir alertas, reforçar recomendações e avaliar as respostas das instituições e pessoas ao desafio imposto a todo o mundo. O cenário ideal para o qual convergem os esforços se prenuncia no horizonte do possível, contudo, ainda requer esforço e disciplina.

As conquistas parciais, decerto, são dignas de serem celebradas. São importantes não apenas pelos ganhos evidentes que trazem, mas também para manter em bom estado o ânimo coletivo já demasiado abalado por todas as perdas sofridas até o momento. O que se almeja está além da produção de uma vacina eficiente, sendo necessário um vasto processo de imunização de populações de par a par no globo e ações firmes de governos para ajudar as economias nacionais a voltarem aos eixos.

É evidente que parte dos esforços é exigida da classe científica - de centros de pesquisas governamentais e particulares, reunindo profissionais de diversas nacionalidades; e das gestões públicas, responsáveis pelas decisões e direção das ações de combate à pandemia e seus efeitos. Não há uma estratégia unificada, apesar de orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) seguirem norteando países de todos os continentes. Se variam as estratégias nacionais, mantém-se, em toda parte, uma constante: a de que é imprescindível a conscientização popular e a colaboração do cidadão para que a travessia desta árdua temporada seja abreviada.

Dados relativos ao Ceará oferecem um panorama para se refletir. Ação conjunta da Polícia Militar do Ceará (PMCE) com a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) e a Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde, e de demais órgãos municipais, tem sido realizada com a finalidade de fiscalizar e, quando possível, dispersar irregularidades relativas ao regramento estabelecido no decreto de isolamento social, determinado inicialmente em 19 de março pelo Governo do Estado.

A média diária de ocorrências de descumprimento do isolamento, em todo o Estado, de acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), é de 200 casos. No período de 20 de março, o primeiro dia após o decreto estadual ser publicado, e 31 de julho, foram atendidas 28.577 ocorrências pelas forças de segurança estaduais e municipais em todo o Ceará, entre o período de 20 de março e 31 de julho, conforme dados da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) da SSPDS. A maior parte - 63,7% - corresponde a situações de aglomeração; e 34,4% são referentes a comércios abertos de forma irregular. O descumprimento de proteção individual, com o uso de máscaras, infração infelizmente corriqueira, teve cerca de 500 ocorrências.

O que chama atenção em boa parte destas intercorrências é o fato de serem evitáveis, sem acarretar maiores prejuízos aos envolvidos. Evitá-las é não apenas ato socialmente responsável, investido do espírito de cidadania, mas manifestação do autocuidado. Proteger-se é necessário, contribui para a superação menos traumática da crise e dá suporte à necessária e desejada retomada das atividades laborais e sociais. É mister que, cada um, sem exceções, faça sua parte.


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