Editorial: Proteção aos idosos

Pessoas idosas estão entre os grupos de risco mais elevados na atual crise de saúde pública mundial. Em todos os países que enfrentaram ou enfrentam seus dias mais difíceis no embate com a Covid-19, viu-se os mais velhos travarem uma batalha particularmente dura, contra uma doença que pode ser agressiva e mesmo letal. O quadro é complexo e, dada a sua gravidade, não deve ser simplificado. A doença provocada pelo novo coronavírus também afeta e oferece risco para os mais jovens; por seu turno, há pessoas de mais idade que, ainda que diagnosticadas com a enfermidade, passam por ela sem consequências mais graves.

É ponto pacífico entre especialistas do mundo todo a necessidade de se reforçar a proteção dos idosos durante este ciclo pandêmico. As taxas de mortalidade sobem entre os pacientes da terceira idade, quando comparadas as de outros grupos etários. Contudo, não é o caso de insuflar pânico nesta camada da sociedade. O medo é inimigo da racionalidade, ferramenta indispensável ao momento; este também tem consequências emocionais, podendo provocar ou agravar problemas de ordem psicológica ou psiquiátrica e, num efeito dominó, ter consequências sobre a imunidade do indivíduo.

Chegou-se agora ao quarto mês do enfrentamento da Covid-19 como ameaça global. Um tempo, infelizmente, ainda breve para se chegar à superação desta grave crise de saúde, mas o suficiente para a disseminação massiva das orientações sanitárias cabíveis e eficientes para aumentar a proteção contra o contágio. Os cuidados que idosos devem tomar são os mesmos válidos a toda a população, a adoção extremamente disciplinada de hábitos previdentes de higiene, como a de lavar as mãos com água e sabão (e, na impossibilidade de fazê-lo, com álcool em gel).

Aos idosos, é de extrema importância que adotem o distanciamento social - recomendável para todos, mas particularmente oportuno para os grupos aos quais a doença costuma ser mais agressiva. A circulação em espaços públicos, quando inevitável, deve ser a mais breve possível e planejada, de forma a otimizar o tempo fora de casa.

A excepcionalidade da situação exige rigor no cumprimento de um triplo compromisso: de parte do cidadão, que precisa estar consciente da necessidade de cuidar de si e dos outros, respeitando as orientações das autoridades instituídas e dos especialistas científicos; das instituições privadas e do terceiro setor, que atendem públicos idosos, com a adoção de métodos novos se as condições pedirem, coerentes com o cuidado que se deve ter com esta parte da população; e do poder público, que tem a missão de zelar por todos e garantir formas de se cumprir sem graves dificuldades o isolamento recomendado - e o método das vacinações em casa ou como um "drive thru" são exemplos bem-sucedidos recentemente vistos.

A crise atual motivará reflexões sobre o que se deve mudar na sociedade. Um dos pontos que merece ser visto é, justamente, o espaço ocupado e o tratamento que se dá aos idosos. Trata-se de uma reflexão necessária, tanto no âmbito das instituições, como no familiar e pessoal. É fundamental que o momento pelo qual todo o mundo passa sirva para melhorar a forma como se vive nele.