Editorial: O presente e o futuro

As pautas eleitorais, às quais se alinham os discursos dos candidatos, são atualizadas a cada ciclo. Trata-se de um processo esperado: a política diz respeito à vida social, ao cotidiano do cidadão e acompanha as movimentações da história. O conjunto de temas que servirá de base aos debates e embates de projetos políticos distintos capta os anseios do momento, justamente porque esses são capazes de aproximar os postulantes aos cargos representativos de seus potenciais eleitores.

Nos últimos anos, a segurança segue, insistentemente, se insinuando entre as prioridades que ocupam o cidadão e aqueles que desejam governá-lo. Numa persistente zona crítica há meia década, não chega a impressionar que o desemprego e a geração de renda ganhem destaque agora, às vésperas de se escolher as configurações do Executivo e do Legislativo municipais. Contudo, eleição após eleição, dois temas seguem constantes entre aqueles aos quais o eleitor dá mais atenção: a saúde e a educação.

Por conta das circunstâncias excepcionais que têm feito de 2020 um ano atípico, a primeira está ancorada no presente. Diante da imprevisibilidade do futuro e, decerto, alimentado por lembranças e exemplos do passado, o cidadão sempre projetou na política sua ansiedade quanto aos serviços de saúde, de forma a se sentir seguro caso seja necessário recorrer a eles. Numa pandemia, a saúde é da ordem do dia, determinante mesmo do amanhã. Seu bom funcionamento, como se tem visto, pode definir o destino de quem dela precisa.

É na educação que se adivinha a preocupação da sociedade com seu futuro. Ainda que não se possa reduzir a educação ao universo de crianças e adolescentes, certamente não é possível pensá-la ignorando os segmentos mais jovens da população. Limitar a atenção a esses promissores cidadãos à educação é ignorar suas reais necessidades. Essas precisam ser vistas de forma sistêmica, não apenas sendo contemplada em cada área de discussão, mas com a garantia que haja uma articulação entre elas.

A juventude tem sido contemplada, na gestão pública, com um crescendo de iniciativas. Há mesmo a tendência a criar instâncias administrativas para concentrar as ações específicas para o segmento. Também não faltam candidatos a representantes dos jovens, objetivo sem dúvidas importante, envolvendo uma parcela de eleitores que, por vezes, fazem suas estreias nas urnas.

Que os jovens participem desse momento, em que a sociedade reafirma seu compromisso com a democracia, é fundamental para o futuro próximo - os próximos quatro anos para as legislaturas e administrações municipais - e de longo prazo - dado que se exercita um ato investido de razão e compromisso com a sociedade em que se vive, repetido a cada dois anos. Há ainda, no panorama político, uma intensa discussão sobre a necessidade de se intensificarem as atenções ao universo de crianças de 0 até 6 anos - da chamada Primeira infância, fase que pavimenta o desenvolvimento humano.

Dia das escolhas que precisa fazer em novembro, o cidadão tem que resolver a equação que melhor responda a suas necessidades. Que se reforce: o futuro requer tanta atenção quanto o presente. Optar entre um tempo e outro não pode ser visto como uma opção aceitável.


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