Editorial: Negócios estratégicos

O agronegócio brasileiro somou exportações, em 2019, que chegaram a US$ 96,8 bilhões. À primeira vista, o valor se afigura como expressivo. E de fato é, considerando não somente a importância que o desempenho do campo tem para a economia do País, mas a posição estratégica que os diferentes setores que o compõem assumem nas relações internacionais. No entanto, em termos proporcionais, o montante significou 43,2% de tudo o que o Brasil exportou no ano passado, um avanço que, ainda na análise relativa, representou uma melhoria baixa, de apenas 1,9%.

Mesmo os mais otimistas certamente admitirão que o desempenho ainda é modesto não apenas diante do que é possível, mas, sobretudo, diante do que é necessário - e mais: do que se espera.

Tendo em vista a expressividade do Brasil como "celeiro do mundo", definição a que o cidadão já se acostumou na retórica oficial, note-se como indispensável às dinâmicas agropecuárias um conjunto de políticas públicas que estimule respostas eficientes e o escoamento da produção. Isso se reforça com o fato de que a FAO, o órgão de agricultura e alimentação da Organização das Nações Unidas, definiu em relatório sobre perspectivas agrícolas de 2015 que se previa ter em 2024 o Brasil na posição de maior exportador de produtos agrícolas do mundo.

Estando tudo isso pesado e medido, é justo, então, que se reivindique das autoridades o necessário apoio para que o Nordeste possa, como região de inegáveis potenciais, coparticipar dos esforços e ter acesso a investimentos, benefícios e resultados em condições iguais. Há de se destacar, nesse particular, o relevo de instituições de fomento como o Banco do Nordeste (BNB), o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. São impulsionadores inegáveis de soluções, até mesmo na seara tecnológica, reclamadas pela sociedade.

O BNB, por exemplo, aplicou em 2019, no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), mais de R$ 3 bilhões, totalizando aproximadamente 515 mil operações. A fatia mais alentada do montante coube a negócios por intermédio do programa de microcrédito rural do Banco, o denominado "Agroamigo", com o qual o atingiu-se no BNB a casa dos R$ 2,5 bilhões.

Verificando agora o quão valioso é tentar recuperar o tempo perdido pela força de seis anos de seca inclemente, o como se impõe a otimização de todos os recursos, dos naturais aos humanos, percebe-se que planejar e amparar boas iniciativas é vital.

Nesse sentido, vale ter a expectativa de que se cultive, da melhor maneira, as relações comerciais e diplomáticas, avaliando a necessidade de se ter o diálogo como elemento que assegure bons negócios ao Brasil. Sabe-se que 2020, destacando as cenas política e econômica que vinham se formando em nações parceiras, como Argentina, Estados Unidos, China e Hong Kong, há de ser um ano decisivo em frentes diversas.

Manter posturas respeitosas e proativas, receita que cabe a qualquer agente que desenvolva processos de intercâmbio com outros, que reconheçam autonomia e ressaltem sempre a reciprocidade, há de ser, portanto, fundamental.


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