Editorial: informação e saúde

As arboviroses se constituem um infortúnio cíclico para a população cearense. Há períodos no ano em que sua disseminação é recorrente, dadas as condições climáticas favoráveis aos insetos transmissores. O fato de ser bastante conhecidas, da população, dos profissionais de saúde e das autoridades públicas, não torna este conjunto de males menos grave e ameaçador.

Doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti - caso do zika vírus, da febre chikungunya e da dengue - podem evoluir para quadros críticos e letais. No ano passado, o Estado registrou mais de 16 mil casos de arboviroses, a maior parte dos diagnósticos era de dengue - cerca de 15 mil confirmados -, com, pelo menos, 13 óbitos pela doença.

Se não é novidade a incidência de novos casos, catalisados nos quatro meses que dura a quadra chuvosa, o enfrentamento ao problema tem avançado, com a adoção de novas estratégias que, se bem sucedidas, podem reduzir números e mesmo frear uma maior disseminação da dengue, por exemplo, favorecida pelo caráter cíclico das epidemias provocadas pelas variantes do vírus causador da moléstia.

A informação se reafirma como poderosa arma neste combate. Permanecem válidas e imprescindíveis as orientações de como eliminar focos de criação do Aedes aegypti. Manter ambientes limpos, de forma que não se permita que criadouros do mosquito se instalem em recipientes com água parada, é indispensável, e é tarefa que cabe ao cidadão, ainda mais do que ao Estado. Enquanto este deve zelar pelas áreas comuns e espaços públicos, aquele deve cuidar dos ambientes domésticos e de sua propriedade ou usufruto. Trata-se de exercício de consciência social e de responsabilidade para com o próprio bem estar e com o da comunidade.

Registre-se a iniciativa promissora da Prefeitura Municipal de Fortaleza de adotar um sistema integrado online dedicado ao monitoramento de casos suspeitos de arboviroses, a partir de postos de saúde e de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Capital. Anunciada nesta semana, a ferramenta já está em uso desde novembro do ano passado. O balanço destes primeiros meses ainda não foram divulgados. Contudo, sabe-se, o teste de fogo deste método será feito no período em que os casos de arboviroses costumam crescer.

O sistema faz parte do plano municipal de enfrentamento das enfermidades provocadas pelo Aedes aegypti. E, de fato, é necessário. Somados os números de casos notificados por arboviroses, dos últimos dois anos, em Fortaleza, chegou-se a 5.715 registros, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

A ferramenta adotada pela Prefeitura de Fortaleza, potencialmente, permitirá identificar, com rapidez, regiões mais afetadas, favorecendo respostas mais rápidas e intensivas a estes quadros. Estratégias do gênero são necessárias. É bem- vinda a inquietude criativa e a busca de novos meios, que resultem em iniciativas destinadas ao incremento da informação e, portanto, do conhecimento sobre as arboviroses.

Enfrentar dengue, zika e chikungunya exige, da sociedade e dos governos, um espírito socialmente responsável e comprometido com a partilha, de ações e de informações.


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