Editorial: Indústria que se move

A produção industrial no Ceará avançou 3,4% na comparação entre outubro e novembro passados. A informação, divulgada nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio de pesquisa que contempla sistematicamente 15 estados da Federação, é motivo de atenção especial. Não apenas por registrar um acréscimo importante, mas porque aponta que a economia local tem se posicionado além dos limites agrícolas - uma vocação histórica - e se fixado em alternativas que efetivamente geram emprego, renda, lucros para os setores produtivos e receitas públicas.

O Ceará também ficou entre os cinco locais que tiveram alta em relação a novembro de 2018 e entre os sete que verificaram elevação nos 12 meses anteriores. A fonte é tecnicamente reconhecida e integra a esfera federal. Desse modo, oferece as necessárias credenciais para o embasamento de outras menções.

Há de se observar, ainda, que enquanto houve melhorias no Ceará e mais dois centros analisados - Rio de Janeiro e Mato Grosso -, além de estabilização no Amazonas, 11 locais pesquisados pelo IBGE, na passagem daqueles meses, verificaram queda acima da média nacional, - que foi de -1,2%. Espírito Santo (-4,9%), Pernambuco (-4,1%), Bahia (-3,5%), Minas Gerais (-3,4%), São Paulo (-2,6%), Goiás (-2,1%), Pará (-1,8%) e Rio Grande do Sul (-1,5%) tiveram, conforme o Instituto, decréscimos. Santa Catarina também apontou redução, embora abaixo da média nacional, ficando em -0,4%. Um dado que interessa ao Ceará, em tempos de esforços coletivos para beneficiar setores econômicos e a gestão pública da região: o Nordeste engrossou a estatística negativa, com taxa de - 1%.

É, não se pode duvidar, um cenário de rara positividade para os cearenses - sempre tão desafiados por condições inóspitas do ambiente, a propósito das secas imprevisíveis, ainda que recorrentes; e por complicadas articulações políticas, no empenho permanente de se dispor de verbas públicas federais.

E é nesse sentido que se deve registrar que a Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2020, elaborada pelo Governo do Estado e alterada com emendas pelos deputados estaduais, tendo sido aprovada pela Assembleia Legislativa no fim do ano passado, prevê aproximadamente R$ 3 bilhões para investimentos. A LOA inclui nesse cálculo recursos próprios, de convênios com os governos federal e municipais, de Parcerias Público-Privadas e de operações de crédito. O valor tem volume considerável.

O montante previsto deve possibilitar o prosseguimento de empreendimentos estratégicos para o Ceará. Na avaliação do Governo, incluem-se entre esse projetos a linha do Veículo Leve sobre Trilhos entre os bairros da Parangaba e do Mucuripe, em Fortaleza, obras infraestruturais de pavimentação e duplicação de estradas e a implementação da Linha Leste do Metrô da Capital. Acrescentem-se, enfim, melhorias do controle de trânsito de mercadorias, com aplicação de tecnologias e métodos mais modernos à necessária fiscalização.

O que se tem agora é uma conjunção incomum de fatores. O ideal é que se busque aproveitar a boa oportunidade, com planejamento e adoção de estratégias que viabilizem elementos que possam ser compartilhados adequadamente pela sociedade.


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