Editorial: Enfrentar a pandemia

Cinco meses depois de serem feitos os primeiros registros da pandemia da Covid-19 no Ceará, o Estado ainda se vê diante de um cenário que exige cuidados e disciplina, para garantir a baixa taxa de transmissão da doença. O Estado, um dos mais atingido do País nos primeiros meses da crise sanitária, assistiu a uma corrida contra o tempo, no sentido de equipar-se para responder às investidas da infecção. As conquistas até aqui têm colocado o Ceará em posição de destaque em relação a outras unidades de federação, no que toca ao enfrentamento da doença.

A superação do quadro está, por ora, fora do alcance e além de qualquer previsão. Depende-se, grosso modo, que avancem as pesquisas que buscam a imunização e o estabelecimento de tratamentos mais eficientes da síndrome respiratória aguda grave, provocada pelo coronavírus. A validação de uma vacina contra a doença, esperança reafirmada diariamente, por incontáveis vezes, em discursos oficiais e conversas informais, é apenas uma etapa neste sentido. Mais concretamente, precisa-se não apenas de sua descoberta, mas ainda do atestado de segurança dado pela comunidade científica internacional; de sua produção massiva; e de programas capazes de administrar doses imunizadoras em larga grandes contingentes populacionais.

A previsão mais otimista da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de só se espere algo do gênero para o próximo ano. O noticiário internacional tem trazido, dia a dia, notícias sobre os esforços da ciência para superar a parte sanitária da crise da Covid-19. As dúvidas que pairam sobre o composto anunciado pelo governo russo dão testemunho do quão complexa é a tarefa, e de como os conflitos geopolíticos e econômicos tornam a situação ainda mais complexa e de difícil desenlace.

Contudo, os avanços já se mostraram possíveis. O presente, no Ceará, e ainda mais na Região Metropolitana de Fortaleza, atestam a eficiência das medidas de isolamento social adotadas nos meses precedentes. O que advém destes resultados é, primeiramente, a preservação de vidas, bastando lembrar os dias mais graves da crise, com o número de novas mortes computadas, em um dia, superando os 300 casos.

Manter baixas as taxas de transmissão e também necessário para que se possa minimizar os muitos efeitos colaterais da pandemia. A economia não é a única dimensão social afetada pela doença e pelas medidas restritivas necessárias a controlá-la. Os prejuízos não são apenas materiais. Para ficar em dois exemplos que afetam grandes parcelas da população, citem-se as dificuldades pelas quais a educação passa, e que perdurarão no futuro próximo; e a questão da saúde emocional, degradada diante das ansiedade provocadas pela ameaça da doença, das incertezas que a acompanham e das novas formas de socialização, mais distanciadas, impostas pela pandemia.

Em cinco meses de enfrentamento à Covid-19 no Ceará, o Estado se mostra melhor capacitado hoje do que no começo da crise. Contudo, não faltam desafios a serem superados. Destaque-se a tendência de muitos de tomarem os bons ventos por algum tipo de progresso irrefreável, como se pandemia estivesse já superada. Não é o caso. O embate ainda exige tenacidade, vigilância e regularidade. É, ainda, da ordem do dia.


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