Editorial: Dias decisivos

As investidas recentes da Covid-19 contra Fortaleza eram demasiado expressivas para se esperar um relaxamento das medidas de distanciamento social. O decreto que determinou isolamento social rígido na Capital vigorou até o dia 20 e foi atualizado pelo Governo do Estado, em acordo com a Prefeitura de Fortaleza, estendendo o período até o fim deste mês.

Os novos casos da Covid-19 e as mortes pela doença são computados, dia a dia, com números superlativos. A situação nos hospitais e demais unidades de atendimento de saúde está longe de ser tranquila. Assiste-se a uma corrida do poder público para garantir leitos, UTIs, testes para diagnóstico da doença, equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais da linha de frente. Quadro grave que está longe de ser atípico no atual momento. Ao contrário, com diferente ordem de grandeza, espelha o que se vive em cidades do interior e no resto do País.

Com a notícia da renovação do decreto, veio a informação de que os próximos dias poderão confirmar uma tendência de estabilização nos dados relativos à Covid-19 na Capital. Caso se concretize, a fase exponencial de contágio pode dar lugar a outra, ainda dura de ser enfrentada, mas de evolução mais linear. Para que tal movimento se confirme, será fundamental a adesão popular às regras impostas por precaução sanitária.

As estimativas do Estado e do Município de Fortaleza se baseia numa pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com a faculdade City College of New York. O esforço das autoridades se guia pelo objetivo de achatar a curva de novos contágios pela Covid-19. A fase seguinte é o estabelecimento de um patamar ainda elevado, porém estável - o platô. Após um tempo, ainda impreciso, virá a tão esperada queda dos números.

Uma curva decrescente é a condição indispensável para que se coloque em ação do plano gestado pelo Governo estadual, com a colaboração dos setores produtivos, que visa a uma reabertura gradual da economia. Se uma fase estável se confirmar, o Palácio da Abolição pode começar a liberar o funcionamento gradual das atividades já no mês de junho.

As quatro fases do projeto foram construídas a partir de indicativos econômicos e sanitários, sendo estes condicionantes para o começo da ação. Na primeira fase, 12 cadeias produtivas voltariam às atividades, mas com uma força de trabalho, por ora, limitada a 19,9%. Posta em prática a fase inicial do plano, mais de 40 mil trabalhadores voltariam a desempenhar suas funções, seguindo medidas preventivas para evitar contágio.

Os percentuais de liberação variam de 1,3% a 40%, de acordo com a modalidade da atividade. Na primeira leva, são esperadas retomadas na construção civil, indústrias de couro, têxtil e fabricação de móveis, dentre outras. Seguiriam-se, então, outras fases, iniciadas uma a uma, respeitando ciclos de 14 dias entre uma e outra.


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