Editorial: Confiança para crescer

Dentre os anseios que acompanharam os brasileiros às urnas, nas eleições do ano passado, estava o da recuperação econômica do País. O Brasil era então - e, em larga medida, continua a ser - assolado por infortúnios bem conhecidos de outros tempos, que num movimento pendular se intensificam e se apaziguam. Insegurança, sistema de saúde aquém do necessário e dificuldades de acesso à educação figuram nesta lista. Ainda que a raiz de cada um deles seja diversa e complexa, determinada por uma série distinta de fatores, a questão econômica acaba por perpassá-las.

Uma economia saudável reflete positivamente na sociedade. Bons números de indicativos como emprego e renda oscilam de acordo com o sucesso dos setores produtivos de um País. Num sistema político como o brasileiro, o efeito também se faz sentir no setor público - cresce a arrecadação e, com ela, potencialmente, pelo menos, a capacidade de se ofertar ao público os serviços constitucionais a eles devidos.

Por estas razões, os destinos da economia dizem respeito a todos os cidadãos e de nenhum deles está distante em seus efeitos. Os bons resultados neste campo e, por consequência, em outros que dele dependem, exigem ações eficientes dos entes públicos, sobretudo nos âmbitos federal e estadual.

São auspiciosos, portanto, os números revelados pela pesquisa "Financiamento dos Pequenos Negócios", realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Considerando os primeiros seis meses deste ano, registrou-se uma reversão no quadro de queda do percentual de micros e pequenas empresas que solicitaram financiamentos em bancos. E o Ceará foi exatamente o Estado brasileiro com maior participação neste processo. As iniciativas dos cearenses corresponderam a 30% do total de pedidos.

Especialistas tomam a tendência como indicativo de que os setores produtivos têm recuperado a confiança necessária para se investir em negócios no País. O esperado é que os resultados, deste segmento, não tardem a se mostrar, afinal, é sabido que os pequenos negócios costumam ter respostas mais ágeis do que as iniciativas de grande porte. Olhando para o segmento das micro e pequenas empresas, o Sebrae já trata 2019 como o ano da virada, ainda que os dados do período não estejam consolidados. Por três anos seguidos (2016, 2017 e 2018), os pequenos empreendedores buscaram menos recursos para incrementar seus negócios.

No Estado, os financiamentos foram direcionados a uma série de demandas - preponderando a necessidade de mais aporte no capital de giro (rubrica presente em 66% das solicitações), seguido de compra de mercadoria para revenda (46%), compra de maquinário e equipamentos (34% ) e reforma e ampliação (31%).

O setor produtivo demonstra disposição para avançar e vocação para a retomada do crescimento. Requer, desde os micros até os negócios de grande monta, atenção e sensibilidade das administrações públicas, tanto no que toca a medidas urgentes quanto no empenho de solucionar impasses históricos. Hoje, mais do que nunca, se necessita de desburocratização e um sistema tributário condizente com as necessidades e possibilidades da sociedade.