Desenvolver o Estado

O objetivo do Governo do Estado com sua plataforma de consolidação de desenvolvimento é, para dizer o mínimo, razoável: elevar o patamar da participação do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará em relação ao nacional. Hoje, o Estado responde a 2% do total; e o Governo pretende lançar as bases que possibilitem igualar a marca à mesma proporção da população cearense (que corresponde a 4% do País), num prazo de 30 anos.

O Ceará Veloz – como a plataforma foi batizada – constitui-se da convergência de medidas administrativas, por parte do Estado, que potencializem a criação de um ambiente de negócio favorável e atrativo à iniciativa privada, brasileira e transnacional. A preparação do terreno tem como duplo objetivo potencializar o crescimento econômico e reduzir desigualdades locais.

A plataforma, diga-se, não é um projeto com iniciativas inteiramente novas. Ele congrega políticas e ações já em curso. Consta nos planos do Palácio da Abolição a continuidade de investimentos públicos em educação, área em que, de fato, o Estado tem se destacado nacionalmente; a melhoria e a expansão de estruturas fundamentais para a indústria e para a exportação – o Porto do Pecém é o principal exemplo, neste caso, mas também cabem aí investimentos das rodovias que cortam o Ceará. 

Onze áreas foram elencadas, dado o potencial que nelas o Estado reconhece, para receber incentivos, que se revertam em catalisadores do desenvolvimento econômico. São elas: cadeia produtiva de saúde, energias renováveis, rede de segurança hídrica, polo de inovação em tecnologia da informação, têxtil e calçados, agronegócio, logística, HUBs (aéreo, portuário e tecnológico), economia do mar, turismo e, por fim, economia criativa. 

O conjunto é heterogêneo, não apenas por conta da natureza distinta dos negócios e do tipo de retorno social de que são capazes de promover, mas por combinar setores em diferentes níveis de desenvolvimento e participação na economia do Estado. Os clusters foram selecionados a partir de análise da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), levando em conta potenciais locais e todas as regiões cearenses.

Para pôr o plano em prática, a plataforma prevê cooperação técnica direta de, pelo menos, 18 órgãos – aqueles que compõem a Rede Governamental de Desenvolvimento Econômico, capitaneadas pelas secretarias de Estado do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), do Turismo (Setur), do Desenvolvimento Agrário (SDA), da Cultura (Secult) e da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece).

Além do dever de casa, de fazer órgãos estaduais trabalharem de forma convergente, no sentido de desburocratizar processos e criar um ambiente de negócios atrativos, há parceiros externos que o Executivo precisa cultivar: com os empresários, certamente, mas também o Legislativo e, num desafio maior, com as demais instâncias do Estado brasileiro – a federal e a municipal. A interdependência não pode servir de escusa para um ente não cumprir  suas obrigações em relação à sociedade; mas, certamente, criar ambiente harmonioso no ambiente político, por natureza tenso, é desafio – e mais, conquista – indispensável.