Apoio ao isolamento

Sete em cada dez cearenses apoiam a continuidade do isolamento social. Esta é uma das principais constatações apuradas em pesquisa do Instituto Opnus, divulgada com exclusividade pelo Sistema Verdes Mares. O levantamento, que ouviu 1.408 pessoas entre 23 e 26 de julho, aponta que 76% da população defendem as medidas de distanciamento recomendadas pelas autoridades. Trata-se de uma informação relevante, a qual evidencia um nível considerável de conscientização popular em relação ao combate à pandemia no Estado.

Ademais, é oportuno saber que boa parte das pessoas continua sustentando o isolamento mesmo após vários meses de restrições. Ao longo dos últimos quatro meses, a adesão às medidas preventivas navegou por altos e baixos. De certo modo, compreende-se que é desgastante à natureza humana submeter-se ao exílio, afastar-se de entes próximos e de sentimentos que só podem ser extravasados com o contato físico. Resistir a estas tentações por período tão longo requer muita disciplina, tendo em mente que a separação, nestes tempos, significa proteger quem se ama e a si próprio.

Diante disso, as pessoas têm apelado a outras formas de se relacionar, por meio de ligações de vídeo, sobretudo com aqueles pertencentes ao grupo de risco. Observa-se na tecnologia uma saída importante para que os laços continuem bem amarrados, apesar das óbvias dificuldades.

Ter ciência de que a maioria entende o isolamento como uma forma eficaz de evitar o avanço da Covid-19 é especialmente aliviante, sobretudo levando-se em conta recentes cenas de aglomerações inteiramente desnecessárias em Fortaleza. Nota-se, com base no que apresenta o levantamento do Instituto Opnus, que os indivíduos que parecem ter perdido o medo da pandemia, ou simplesmente desistiram do papel cidadão que se espera deles, constituem uma minoria desgarrada. No entanto, ainda que minoritária, tal parcela desobediente tem enorme potencial de proliferar a doença, colocando em risco todo o trabalho feito até agora.

Além de configurar ato de ameaça ao bem-estar e à saúde pública, abandonar ações simples como o uso da máscara e o distanciamento social põe na corda bamba o plano de retomada econômica, o qual depende do desempenho de indicadores sanitários.

Não se pode perder de vista a gravidade da pandemia apenas porque tem sido registrada uma melhora sustentável na Capital. Tal avanço ocorreu justamente porque uma porção significativa da população acatou as recomendações das autoridades. Uma segunda onda pode acometer Fortaleza, caso prevaleça o desrespeito ao decreto.

A pesquisa mostra ainda que 60% dos entrevistados afirmam ter alguém do grupo de risco dentro de casa, e isto escancara a necessidade de manter as medidas de segurança. E traz uma informação impactante: quatro em cada dez cearenses dizem ter perdido algum amigo ou familiar para a doença. Que este dado tão triste possa servir de lição para que vidas sejam poupadas.