A vez das academias

O Estado do Ceará segue avançando com o plano de retomada, a partir da liberação de setores importantes da atividade econômica. Um dos que clamavam por oportunidade de retorno era o das academias de ginástica, assim como de clubes e entidades afins. No último fim de semana, enfim, ocorreu a liberação, sob rígido protocolo, que permite a volta de 30% da capacidade dos estabelecimentos.

Nesse tortuoso caminho de flexibilização de atividades, sempre confrontado com os números e os riscos ainda presentes na pandemia do coronavírus, o Estado se coloca em missão complexa todas as semanas. A cada decreto, crescem as pressões dos setores que ainda não retornaram, como também os que já estão em funcionamento e que querem ainda mais liberdade para o exercício das atividades. Decisões complicadas, mas até previsíveis tendo em vista que os efeitos provocados pelo coronavírus jamais foram enfrentados pela atual geração.

São cadeias de mercados, empregos e renda que são frontalmente atingidos. As academias, por exemplo, entraram em profunda crise, a qual o setor estima que 30% dos negócios foram varridos com o impacto da paralisação das atividades no território estadual. De acordo com o balanço do Sindicato das Empresas de Condicionamento Físico do Estado do Ceará (Sindfit-CE), existem atualmente 1.780 academias no Ceará, sendo 800 em Fortaleza. Portanto, foram centenas de negócios e empregos que deixaram de existir no período.

Além do argumento financeiro, há também ponderação do ponto de vista da medicina. A prática de atividade física, obviamente guiada pelos protocolos e estudos que orientam a retomada em um cenário de pandemia, é de importância comprovada para melhoria do estado geral de saúde. O confinamento, embora necessário, também tem a capacidade de produzir efeitos danosos, como o estímulo ao sedentarismo, um dos vilões de várias enfermidades catalogadas pela medicina.

O setor de academias diz ter se preparado para um retorno estruturado e promete o cumprimento de todas as recomendações estabelecidas no protocolo setorial. O esporte coletivo, por exemplo, não está contemplado, com exceção do treinamento estruturado para ser realizado individualmente, entre outras nuances que provocarão mudanças na forma de executar a atividade física.

É preciso salientar que a abertura das academias também gera preocupação, tendo em vista o que vem ocorrendo em outros setores que foram liberados. O não cumprimento dos protocolos, como o que reza sobre a capacidade de 1 pessoa a cada 12 metros quadrados, precisa ser fiscalizado e punido exemplarmente logo que a irregularidade for constatada.

A falta de fiscalização acarreta o não cumprimento das determinações das autoridades de saúde. Com isso, o risco de um retrocesso, como verificado em outras cidades e até estados brasileiros, pode crescer. E tudo que foi arduamente batalhado contra a doença pode desmoronar. O respeito às recomendações das academias é ainda mais importante que os dos setores anteriores, tendo em vista a maior possibilidade de contágio das academias. É uma liberdade que foi dada para uma grande missão exigida.