A opção da harmonia

Desde que foram confirmados os primeiros casos de pessoas infectadas com o novo coronavírus no Ceará, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário - na esfera estadual, prontamente adotaram medidas internas e externas para combater a doença. Em comum, as respostas rápidas e o empenho para que o funcionamento das instituições seja harmonioso, tanto do ponto de vista dos próprios quadros, como no diálogo com os demais poderes.

Tal harmonia é preconizada pela própria Constituição Federal e, portanto, serve como modelo compulsório para os estados. No Ceará, episódio recente instou a cooperação dos três poderes de forma intensiva, em vistas da superação de uma crise que ameaçava o bem-estar da população. A paralisação de parte dos quadros da Polícia Militar e o motim realizado por alguns integrantes da corporação exigiram que o diálogo fosse ininterrupto e as ações, consequentemente, ágeis.

Na ocasião, o Palácio da Abolição adotou uma posição firme, sem vacilar diante do que, desde o princípio, apresentou como inegociável. Nestes pontos, não houve recuo, ainda que o diálogo fosse uma via aberta. Há de lembrar, contudo, que no caso da Segurança Pública, não se chegou ao fim da crise sem a participação ativa do parlamento cearense e das instituições do sistema de Justiça.

Há duas semanas, quando a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) divulgou que a Covid-19 havia sido identificada em pacientes no Estado, o Governo reuniu autoridades e, ainda nos primeiros dias, colocou em prática um plano de ação, traçando diretrizes para todos os municípios. As decisões e orientações do Executivo cearense têm sido, desde então, quase diárias. Quem tem acompanhado as notícias, em ritmo frenético, sabe que o tempo parece desconjuntado, impondo uma corrida para se conter a propagação do novo coronavírus e exigindo disposição e capacidade de reavaliar escolhas.

A Assembleia Legislativa também não tardou a redesenhar seus ritos e adotar o formato de sessões não presenciais, mais seguras para os parlamentares, servidores e frequentadores da Casa, bem como exemplo do exercício do isolamento social. Os trabalhos da Casa têm seguido, concentrando suas ações no combate à doença e às suas consequências. As instituições do sistema de Justiça também têm se posicionado, atuando por vezes para ordenar questões correlatas, que afetam a população neste momento.

A boa relação mantida pelas instituições públicas é importante para o Estado, num momento que exige articulação e ações coordenadas para se superar um desafio sem precedentes. A necessidade de apresentar respostas rápidas não exime o Poder Público de dialogar com os diversos setores da sociedade.

É preciso estar atento às demandas e preocupações das mais variadas categorias, não apenas no que diz respeito ao presente como ao futuro. O valor maior - da vida humana - não deve sumir do horizonte de decisões, que devem ainda contemplar medidas que atenuem problemas futuros, que o momento posterior à crise, consequentemente, trará, não apenas para o Ceará, mas para todo o mundo.


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