A Covid-19 nas Américas

A Covid-19 já se encontra disseminada nos 54 países e territórios das Américas. Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), a região já conta com mais de 5 milhões de casos. As mortes registradas chegam a 244 mil. Os números fazem desta parte do globo o epicentro da pandemia, de acordo com o novo relatório emitido pelo organismo internacional. Estados Unidos e Brasil, juntos, respondem por 1/4 de todos os casos e das mortes relacionadas à doença, até o momento, notificadas na região.

Em comum, os 35 estados membros da agência – e o Brasil incluso – adotaram planos intersetoriais para responder aos desafios da pandemia. Apesar de sua segmentação, relacionada à saúde pública, a Opas tem estabelecido parcerias com governos nacionais para desenvolver e aprimorar planos de ação que vão além de medidas sanitárias. 

Tal articulação é oportuna. O que o aparecimento do coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) deixou claro foi justamente a interdependência incontornável à qual todos os países e – para se falar de forma mais universal – todas as pessoas do mundo são submetidas. Não há ilhas às quais se possa recorrer e se viver, como se fosse possível apartar-se do mundo.

O próprio contágio da doença parece ter usado os caminhos que ligam territórios em geografias diversas. O enfrentamento, sabe-se desde o início, depende de todos. A superação em um território é insuficiente. O tempo que se viverá sob a ameaça da Covid-19, dizem os especialistas, está relacionado à forma como o mundo, de forma articulada, escolher enfrentá-la. Do contrário, zonas em que a pandemia estiver descontrolada provocarão novas ondas sobre os territórios em que ela estiver, aparentemente, controlada.

O continente americano e, especificamente, a América Latina têm uma série de desafios a serem enfrentados e problemas a superar, tanto no contexto da pandemia, como no cenário pós-Covid-19. Apesar de se tratar de um panorama em grande escala, engana-se quem pensa que seus efeitos não se farão sentir localmente ou que, no âmbito local, nada se pode fazer para contribuir ao sucesso em escala pan-americana.

Ora, até o momento, a pandemia também mostrou que, tanto do ponto de vista sanitário, como econômico, quem se encontrava melhor preparado, com melhores condições de se reinventar, saiu-se melhor nestes meses sob investidas da doença. Daí que é fundamental, tanto em nível local, como nacional e transnacional, a articulação de entidades públicas e privadas, e do compromisso do cidadão, para debelar a enfermidade e seus igualmente nocivos efeitos colaterais de ordem social e econômica. 

Segundo o relatório da Opas, a luta contra o vírus será um “desafio”, “pois os países enfrentam uma perspectiva econômica incerta devido a problemas globais e domésticos decorrentes dos efeitos do bloqueio de meses”. Países da região podem se fortalecer em parcerias, partilhando experiências e combinando recursos. A disposição para o diálogo e a cooperação é exemplar, merece ser seguida em escala distintas, em todos os países da região, em estados e municípios. A saída, que se reafirme, se dará de forma coletiva.