'Devoradores'

Existe uma qualidade de pessoas no mundo que não apenas vivem nele; devoram o mundo de forma tão bonita, que se todos fossem como eles o pensamento ecológico, por exemplo, seria desnecessário. São os poetas.

Os órgãos dos sentidos dessa gente são mais aguçados; dando a entender que não são desse mundo e que vieram com alguma missão de nos ensinar algo maior.

Eles não veem, enxergam! Enxergar é mais complexo. Eles não ouvem, escutam! Escutar é mais atencioso. Não levam à boca, degustam! Degustar é mais sublime. Não cheiram, sentem o ar! Isso é mais delicado. Para eles não basta tocar, pegam! Pegar é sempre mais intenso.

A natureza os envolve, a vida os encanta, as pessoas os motivam. Suas sabedorias veem dessa conjugação de interação e contemplação. Interagem com os órgãos dos sentidos e contemplam com o pensamento mais íntimo.

Predadores são muitos, depredadores diversos, destruidores são multidões. São raros os devoradores como os que aqui retrato. Depois e, já tardiamente, eu os vi em livros, não seus rostos, mas suas falas. Tive vontade de ser um deles, mas sou um reles mortal. Os poetas devoram o mundo em versos, como se tivessem medo de que ele acabe.

Talvez eles saibam que isso venha a acontecer, são alienígenas. Penso eu! Vou lhe instigar, portanto, caro leitor, a ler o grande poeta cearense, Patativa do Assaré, um grande "devorador" do mundo. Sigamos aprendendo!

Edmar de Oliveira Santos
Escritor