Comente com mente

Usamos nossas mentes para comentar e responder a um punhado de indagações psíquicas e questões que vêm do alheio. Nem sempre é interessante buscar todas as respostas de nossa ignorância e das inquietantes dúvidas que rondam o pensar. "O homem é dono do que cala e escravo do que fala; quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo" - assim se expressou Sigmund Freud.

Frequentemente, observo que algumas pessoas tornam-se escravos de seus silêncios, pois sofrem o efeito, ou defeito, do seu desconhecer-se; mas deveras, testemunho também, que muitos se submetem as fatídicas consequências do não conseguir calar. Talvez isso seja uma afronta às fofocas, aos dizeres maledicentes e às palavras que podem destruir. Um comentário reflexivo pode ser bem mais valioso que argumentações críticas destrutivas.

Compartilhar saberes nos faz sermos mais amenos na velhice, e em qualquer momento. Muitas vezes, a suavidade e o benefício do saber silencioso, se escondem na indelicadeza do medo falante. Quando quiser argumentar com rispidez, lembre-se do aprendizado do apenas comentar com a mente, e com isso crescer. Esse escrito é uma espécie de complementação da semente sem mente (outro texto de minhas elucubrações psicanalíticas).

A mente é tão poderosa que pode tudo transformar; mas ao mesmo tempo, de alguma forma, é muito frágil. Na semente dela, o amor é energia preciosa. No comentar com a mente usemos paciência, sapiência, vivência, ciência, experiência e uma boa pitada de misericórdia. Ah se as pessoas aprimorassem mais a arte de pensar e as habilidades para melhor agir ou falar. Mente sã, corpo são. Aprendamos também: mente sã, no corpo não.

Russen Moreira Conrado
Médico e psicoterapeuta


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