Os loucos herdarão a razão

Legenda: Príncipe Ribamar
Foto: Reprodução

Era comum se ouvir que "toda cidade tem os seus doidos".

No interior do Nordeste, muitas pessoas com transtorno mental se originavam de estratos sociais pobres, onde faltava (e falta) a presença do Estado. 

Junte-se a isso a ignorância de quem se divertia, com a falta de saúde mental dessas pessoas.

Fato é que, muitos de juízo alterado passaram a ser personagens integrados ao cotidiano das cidades.

O poeta varzealegrense Mundim do Vale, em versos de cordel, se expressssa sobre o assunto, no panorama nordestino:

Um menino barrigudo
Com um taco de pão na mão
Um bocado de gorgulho misturado com feijão.
Uma sala de reboco
Um doido dando cotôco
É a cara do sertão.

Em Juazeiro do Norte, tornou-se mais conhecido o carpinteiro Joaquim Gomes Menezes, rapaz velho, trabalhador e educado.

Dizia que só casaria um dia se fosse com uma princesa. Esse sinal fez com que as pessoas entendessem que ele não batia bem do juízo.

Escolheram uma moça bonita, chamada Dolores, e a apresentaram como sendo a Princesa Gioconda, destinada a ser sua legítima esposa. 

Após esse "encontro" a "princesa" viajou para o seu país, prometendo manter contatos, através de cartas. 

A partir daí, Joaquim Gomes Menezes passou a ser chamado de "Príncipe Ribamar".

O "da Beira Fresca" foi, depois,  acrescentado por "inspiração" de alguém que lembrou uma sorveteria da cidade muito frequentada, que funcionou na rua Santa Luzia.

Uma das cartas da "Princesa Gioconda" enviada para o "Príncipe Ribamar da Beira Fresca", falava em bilhões de dólares para os seus "projetos" em Juazeiro do Norte:
- Fábrica de fumaça a granel.
- Fábrica de desentortar bananas.
- Formação de uma cavalaria marítima.

Deram-lhe, ainda, uma carteira de "Identidade Real".

Vítima de tantas gozações, o "Príncipe" morreu, sem realizar os seus sonhos, mas ficando como uma figura muito querida na cidade.