Falta vida ao vivo e sobra solidão

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Não sou enfronhado nos assuntos que dizem respeito à solidão. Mesmo porque não me reconheço neles.

Nos raros momentos em que padeci desse mal, pude compreendê-lo como um dos mais sérios problemas do Mundo atual: a solidão do homem.

Até nas pequenas cidades do interior, onde as pessoas estão mais próximas, são observados quadros sociais de angústia.

Está mais difícil fazer amigos nas ruas. Quando as pessoas se encontram nos bares, o que as une é a solidariedade da bebida.

No duro, são poucos os vizinhos amigos. O que existe é o "companheiro de elevador".

Ninguém olha para ninguém.
Todos só olham para os celulares.

Foi-se o tempo em que o bairro era uma "nacionalidade".

Nosso netos rejeitam a prática do futebol e de outros esportes. Preferem ficar dias inteiros presos em seus apartamentos, com a cara no computador.

É uma relação permanente com pessoas distantes, que eles nunca verão.

Uma coisa incontrolável que jamais substituirá a vida ao vivo, cara a cara.

Funciona como um ensaio do ser humano, com o fito de  aprender a ser só.

Ficamos a pensar o que essa geração vai pensar de si própria, em um futuro bem próximo.

O saudoso jornalista e poeta Carvalho Nogueira me marcou, com uma colocação definitiva: "A solidão é o mais perverso estágio da alma humana".