Como o veto a alianças locais nacionaliza o debate eleitoral nos estados

Quando os acordos não são resolvidos no diálogo, a Justiça é acionada para solucionar

Legenda: Disputa pelo voto ganha vertentes diferentes nos Estados
Foto: Thiago Gadelha

O apoio do PP à coligação encabeçada pelo PT no Ceará ainda não está completamente solucionado. Há expectativa de que a Executiva Nacional do partido recorra à liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que autorizou o acordo político na última sexta-feira (5).

O veto da instância nacional é uma decisão já anunciada pelo presidente sigla, senador Ciro Nogueira. Faz parte de uma tentativa de agradar o staff do presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa pela reeleição.

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Coligado com o PL para a eleição presidencial, o PP vetou alianças com o PT nas disputas locais. Apesar das particularidades vividas por cada Estado, não parece haver abertura para alianças regionais com a esquerda.

Nem no Nordeste, região arisca para Bolsonaro, houve a permissão para a construção de palanques em comum. O problema é que nem todo diretório estadual se vê beneficiado com o alinhamento nacional. 

Pelo contrário. Não é nada fácil para palanques do Nordeste sustentarem a imagem do presidente, já desgastada desde a eleição de 2018 quando foi derrotado em todos os estados da região. A situação, inclusive, se degradou ainda mais na pandemia. 

Com o diálogo exaurido, o que resta é a judicialização da questão. A coluna procurou a assessoria do deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA), que preside momentaneamente o partido, mas não houve retorno.

O diretório do PP no Ceará aguarda o desenrolar da situação na Justiça. Por enquanto, o apoio ao PT está encaminhado.

Veto pela esquerda

As proibições não são apenas pelas vias bolsonaristas. Nas eleições municipais de 2020, o PT vetou acordos políticos com DEM, PSDB e partidos da extrema direita.

Não é sempre que a rivalidade em âmbito nacional se repete nos estados ou municípios. No auge da disputa entre PT-PSDB, iniciada nos anos 1990, em diversas eleições municipais o palanque foi dividido entre os dois partidos.

Em 2022, com o cenário completamente alterado, as duas legendas estão mais próximas. No Rio de Janeiro, por exemplo, elas subirão no mesmo palanque sem constrangimento algum – já que o alvo é outro.

Regionalização

É natural que a Executiva Nacional dos partidos queira manter a unidade do ponto de vista do projeto nacional. Pela geografia brasileira é um desafio que a imposição seja atendida em meio às diversidades culturais e ideológicas.

Nessas eleições de outubro não haverá nada de muito diferente do que vimos nos pleitos anteriores. Cada um vai tentar dar o seu jeito, seja dialogando ou recorrendo à Justiça, para evitar "prejuízos" e manter a sobrevivência.



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