O Clássico-Rei é daqueles jogos capazes de mudar os rumos dos clubes na temporada. E, no caso do Fortaleza, que passou por momentos difíceis recentes fora de campo e de confiança na luta para sair do Z4 da Série A, a vitória pode ser a guinada que a equipe precisa para deixar tudo isso no passado. Os 2 a 0 no Ceará no Castelão na noite de quarta-feira (22), pelo jogo de ida da Copa do Brasil é daqueles jogos para virar a página e se construir uma nova história após ele.
A atuação do Fortaleza no 2º tempo foi animadora pela superioridade ao Vovô. Com mais organização tática e entrega - o Leão jogou com muita raça - conseguiu "amassar" o Ceará na segunda etapa e vencer o duelo merecidamente.
Início difícil
O mérito tricolor foi mudar completamente a postura que teve no 1º tempo. Nos primeiros 45 minutos, o Leão foi um time desorganizado, espaçado e correu riscos de levar gols do Alvinegro, que foi superior. O goleiro Marcelo Boeck salvou o Leão pelo menos três vezes, que não conseguiu encaixar seu jogo na 1ª etapa.
O Ceará dominou o meio campo a partir da metade do 1º tempo, com mais uma grande partida de Richard Coelho, mas desperdiçou as chances que teve, com o próprio volante, Richardson e Vina, o que não aconteceria com o Tricolor.
Mudança de postura
No 2º tempo, o Fortaleza voltou com outra atitude, mais organizado, marcando em cima e criando chances. A jogada do 1º gol foi da insistência, aos 7 minutos: Zé Welison lançou Moisés, que cruzou, Felipe finalizou, a bola desviou em Luiz Otávio e Pikachu marcou para o Leão. Um gol de muita raça, de um jogador símbolo desta equipe tricolor, com 16 gols e 8 assistências no ano.
Já com o controle do jogo e empurrado pela torcida, o Leão continuou mais perigoso, criando chances com Capixaba e Romero, mas João Ricardo salvou o Vozão.
Depois do 30 minutos, já com Lucas Lima e Depietri, o Fortaleza se armou para os contra-ataques e chegou ao segundo gol, em pênalti sofrido por Pikachu e convertido por ele.
Com a boa vantagem, o Leão baixou suas linhas, chamou o Ceará para seu campo e não correu grandes riscos.
A vitória no Clássico-Rei dá a vantagem ao Tricolor de perder por até um gol de diferença no dia 13 de julho, mas os efeitos do resultado poderão ser vistos imediatamente.
Sequência leonina
Serão 5 jogos até o outro confronto com o Vozão. Os dois pela Libertadores com o Estudiantes (30/06 e 7/7) e 3 pela Série A (Atlético Mineiro fora no próximo sábado), Coritiba (fora no dia 3/7) e Palmeiras (em casa no dia 10/7).
A Libertadores é o símbolo da ascensão tricolor, o sonho de seguir avançando deve ser mantido, mas a recuperação na Série A é mais urgente e o clube precisa aproveitar que as vitórias voltaram (já são duas seguidas, contra América e Ceará) para pontuar com mais frequência e deixar o Z4.
O zagueiro Marcelo Benevenuto falou recentemente que o objetivo é deixar o Z4 ao fim do 1º turno da Série A e o clube tem tudo para conseguir: são 6 rodadas em disputa e 5 pontos para tirar.
Se antes tudo parecia desesperador, a volta das vitórias, aliadas ao bom futebol, aumentam as chances tricolores.
No Ceará
Ao Vovô, que vinha embalado com 12 partidas de invencibilidade, é tentar se reagrupar e não deixar que o efeito contrário do Clássico-Rei atrapalhe. Derrotas assim machucam - o próprio Fortaleza sentiu a série de derrotas recentes para o Ceará - e o trabalho de Marquinhos Santos está só começando.
É preciso dar tempo neste inicio de trabalho, já que uma ruptura de trabalho inesperada com a saída de Dorival Júnior dificulta as coisas. A campanha na Série A pode melhorar, em breve o Vovô joga pelas Oitavas de Finais da Sul-Americana contra o The Strongest e há muita margem para evolução.