Auxílio emergencial: A opinião de 6 líderes empresariais cearenses sobre o retorno do benefício

Empresariado vê o auxílio como um mecanismo importante de irrigação de renda neste tempo de exceção por conta da pandemia, mas há ressalvas

Foto: Thiago Gadelha

Em meio à intensificação dos debates em relação ao possível retorno do pagamento do auxílio emergencial no Congresso e no meio econômico, a Coluna consultou líderes setoriais cearenses sobre o assunto.

De modo geral, o empresariado local vê o auxílio como um mecanismo importante de irrigação de renda neste tempo de exceção por conta da pandemia, mas há ressalvas em relação aos critérios a serem aplicados e à situação fiscal do País. Confira abaixo as análises.

  • Ricardo Cavalcante - Presidente da Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará)

O auxílio emergencial se mostrou social e economicamente importante para a economia brasileira e cearense durante a pandemia. O seu valor social se deve à garantia de sobrevivência e qualidade de vida dos mais vulneráveis. Sua importância econômica manteve um nível de demanda em grande parte da população brasileira, com uma parte do mercado interno ativo, principalmente para pequenas e médias empresas.

Por outro lado, a grande questão do auxílio emergencial é de onde tirar recursos para tamanha demanda, já que em 2020, aproximadamente R$ 320 bilhões foram gastos com auxílio emergencial.

Acredito que devemos criar um programa mais focalizado, que vá atender um número menor de pessoas, porém aquelas mais vulneráveis. Esse programa de transferência de renda deveria se adequar a uma boa prática de gestão fiscal de modo a encontrar fontes de recursos no orçamento federal.

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  • Emília Buarque - Presidente do LIDE Ceará (Grupo de líderes empresariais multisetorial)

A prorrogação do auxílio é uma medida necessária, mas precisa ser encarada com responsabilidade e planejamento. Ao contrário do que foi feito em 2020, onde houve uma análise insuficiente sobre o perfil dos beneficiários, nesta reedição há que se ter um filtro maior na seleção dos mais vulneráveis de fato.

Esta preocupação acredito ser de todos que entendem que o rigor no controle dos gastos públicos deve impedir uma crise fiscal futura.

  • Freitas Cordeiro - Presidente da FCDL-CE (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas)

A manutenção do auxílio foi um pleito nosso desde o início. O auxílio emergencial fez uma grande diferença na primeira parte da pandemia. Eu sei que o governo está com recursos esgotados. Acredito que suportar isso não é fácil, mas continuo com a tese de que é mais barato arcar com o auxílio agora do que com as consequências do fim desse benefício no futuro.

Ainda estamos no olho do furacão. Tenho dito que os resultados do varejo podem ser creditados aos auxílios emergenciais, que criaram um círculo virtuoso. Esse é um dinheiro que entra e circula rapidamente. E volto a dizer, os resultados do varejo que se comemoram não foram por conta do desenvolvimento econômico.

Estamos numa crise e o que tivemos de fato foram os auxílios emergenciais que permitiram que se ultrapasse esse momento com resultados surpreendentes, como foi para o varejo.

  • Maurício Filizola - Presidente da Fecomércio-CE (Federação do Comércio do Estado do Ceará)

Os setores do comércio e de serviços vivem de dinheiro circulante. Quanto mais a economia está equilibrada, mais esse dinheiro circula nos vários setores da nossa economia. O auxílio emergencial veio no momento em que as empresas estavam demitindo e a massa salarial estava diminuindo. Então o governo veio com o auxílio para suprir o setor produtivo desses recursos. Na medida em que o comércio estava sendo reaberto, isso ajudou bastante e alguns setores tiveram um incremento mais visível, como o da construção civil.

Agora, observando que neste momento ainda não temos a empregabilidade que tínhamos naquele período, e que algumas empresas fecharam e outras reduziram os seus quadros, o auxílio continua sendo importante, pois as contratações ainda estão sendo feitas de forma muito pontual.

Alguns setores continuam muito afetados, como o de eventos e turismo, e as empresas estão sofrendo. Então, isso ajuda, principalmente, a manter os empregos dessas empresas.

  • Paulo Gurgel - Presidente do Sindiquímica (Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo no Estado do Ceará)

O auxílio emergencial é extremamente positivo tanto para o setor químico, como para a economia em geral. É um dinheiro que não fica parado na poupança e irá circular no mercado gerando emprego, renda e novos impostos. Então o Estado termina recebendo novamente em número maior.

O auxílio traz uma força grande para a economia, traz emprego para a indústria, para o setor do comércio e para os serviços, ou seja, ele aquece todos os setores da economia. 

Isso nos impacta diretamente, uma vez que a liberação do auxílio proporcionará à população adquirir os itens da cadeia de essenciais, que são de primeira necessidade.

  • Patriolino Dias - Presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará)

O auxílio emergencial é importante para manter a renda mínima de pessoas que não estão conseguindo emprego. Então, nós entendemos que é positivo para a economia. Mas tem um lado ruim disso.

No meu setor, gerou uma inflação dos insumos muito elevada. Para citar alguns exemplos, o tijolo dobrou de preço, o cimento aumentou 30%. Então, tem este lado preocupante da inflação que precisa ser visto com cuidado.