Que a vida é bela, todos sabemos. Mas também é verdade que todo mundo tem seus desafios ao longo da vida. Alguns chamam de problemas. Só o fato de falar ou pensar na palavra “problema”, já fica pesado, trazendo certa apreensão. Por isso, prefiro chamar de desafio. Independentemente da nossa vontade, eles estão presentes no dia a dia, podendo trazer dores e sofrimentos.
A dor é mais objetiva, e o sofrimento mais subjetivo. A dor pode ser, de certa forma, medida na sua intensidade. Existem as escalas de dor utilizadas por diversos profissionais.
Já o sofrimento, assim como o prazer, está mais relacionado com a dimensão que damos ao fato do que o fato em si.
E a dimensão está relacionada com as nossas experiências e as consequentes reações emocionais. E estas irão influenciar a nossa subjetividade, que irão caracterizar nosso mundo interno, nossa história de vida, a formação das crenças, dos valores, do modo próprio de ver-se e ver o mundo externo.
Duas pessoas podem passar por uma mesma dor, mas nunca pelo mesmo sofrimento. Por isso, não se compare com ninguém. Diante dos desafios que temos pela frente, podemos encará-los como adultos ou como crianças.
Ao observarmos uma criança que leva uma queda, mesmo que leve, espera ter alguém que a acolha, que lhe dê colo, que cuide do seu machucado. Ela pode chorar muito e alto, até que alguém apareça ou não. A criança é intensa, é extrema, faz drama. Tudo isso para, além de chamar e receber atenção, ter a confirmação de que é amada. Na infância é natural.
Quantos adultos continuam com sua criança interna ditando suas reações, seus modos de interagir e reagir às dores do caminho? Todo mundo gosta de um colinho. Mas aqui estou falando daqueles excessos, como o modo padrão.
Uns vivem se vitimizando, para chamar a atenção pela fragilidade. Com o objetivo inconsciente de tentar tornar reféns aqueles com quem convive. É quase uma obrigação destes “salvá-los”. Outros querem passar a imagem de que não sofrem, superam tudo, são fortes, para serem admirados, reconhecidos pela sua força.
É comum na imaturidade, passar a vida buscando reconhecimento dos outros acreditando que assim serão amados.
O que não necessariamente é verdade.
Como adultos, depois de avaliar e concluir que não se tem o que esperar, o mais saudável é encarar os desafios e tentar resolvê-los o mais rápido possível. Evitando postergar. E quando conseguimos, dá uma sensação de bem-estar, que vem do dever cumprido, de ter enfrentado, gerando empoderamento, o que eleva a autoconfiança e a autoestima.
Nem sempre fazemos o enfrentamento quando é preciso e necessário. O que acaba sendo ruim, pois, quando deixamos para depois, na maioria das vezes, vai ficando mais difícil de resolver, além da sensação de desconforto que toda pendência traz. E isto gera perda de energia vital e sensação de incapacidade, incompetência, deixando-nos mais frágeis, diminuindo a autoconfiança e a autoestima.
Mesmo assim, uma parte de nós, preguiçosamente, espera que alguém magicamente resolva. Mesmo que não tenha ninguém para contar, esperamos por quem não ficou de vir. E quanto mais repetimos esse modo de funcionamento, mais fragilizados e desacreditados em nós mesmos ficamos, tornando-se presente o negativismo e o pessimismo quanto aos embates futuros.
Procrastinar é a típica autossabotagem da consciência infantil.
Podemos ver a vida de um modo diferente, a partir da aceitação, na qual o prazer e o sofrimento façam parte de um fluxo natural, alternando-se no decorrer da existência. Isso trará mais leveza, mais calmaria para encontrar, com discernimento, as melhores ações.
Essa aceitação nos ajudará a olharmos os fatos de frente e vermos o tamanho real das coisas, o que possibilitará uma visão positiva e otimista, quanto a capacidade de lidar com o que acontece, trazendo mais confiança e esperança.
Tenha cuidado para não ver problema em qualquer situação que lhe chateia, irrita, entristece ou lhe frustra. Veja se é possível deixar por menos, pegar leve consigo e com os outros envolvidos.
A partir daí, para prevenir problemas futuros, mantenha o hábito de listar suas pendências diariamente e tente ir resolvendo uma a uma. Não importa se é grande ou pequena. Observe como se sentirá melhor ao diminuir a lista.
Se um desafio surgir, avalie a possibilidade de resolver logo. Caso não consiga sozinho, busque ajuda. Se você fez o que era possível fazer, e ninguém mais pode intervir, deixe fluir. Confie no fluxo divino e acredite!
Assim como os halteres existem para exercitarmos e desenvolvermos o corpo físico, os desafios existem para exercitarmos e desenvolvermos os nossos recursos psíquicos e espirituais. E, assim, tornarmo-nos mais plenos e saudáveis.
Paz e bem!
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.