Situações peculiares na Copa do Brasil

Confira a coluna nesta quarta-feira (22)

Se Ceará e Fortaleza estivessem na Série A de 2022 como estavam na do ano passado, o clássico-rei de hoje poderia ter concentração exclusiva. Mas as situações são peculiares e requerem um exame criterioso sobre o que pode ser melhor para cada um. O Fortaleza não pode gastar todas as energias logo mais porque terá de guardar oxigênio para domingo, quando enfrentará o poderoso Atlético-MG no Mineirão. Da mesma forma, o Ceará também terá de dosar oxigênio porque recebe no Castelão o Atlético-GO, seu concorrente direto na Série A.

Não dá, portanto, para pensar exclusivamente na Copa do Brasil, mesmo com todos os valores em dinheiro que essa competição paga. O mais sensato será um meio-termo, ou seja, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Os dois não devem abdicar de uma disputa séria, conforme os mandamentos morais do esporte. Mas podem evitar os exageros que levam à exaustão física e mental. Uma espécie de poupança obrigatória, movida pelas circunstâncias peculiares vividas pelas duas equipes. Há como fazer um jogo bom e responsável, apelando para a rotatividade do elenco. Uma espécie de comedimento, sem abrir mão de, com decência, buscar a vitória. 

 

Violência 

 

Mais uma vez, o apelo de sempre: é hora de dar um basta na violência em dia de clássico. Não são torcedores legítimos. Os legítimos vão ao estádio para incentivar e vivenciar as emoções do esporte. Os brigões são marginais que nada têm a ver com o futebol. O lugar deles é na cadeia, não livres nos templos do futebol. 

 

Sem poupança 

 

Há quem diga que, quando a bola rolar num clássico, torna-se impossível poupar energias. Impossível também pensar no próximo compromisso. Vale o presente, o que está acontecendo, não o porvir que está nas mãos de Deus. Automaticamente o jogador é impelido para a disputa do momento. E seja o que Deus quiser. Amanhã será um outro dia. 

 

Sem favorito 

 

Mais uma vez, a velha frase: clássico nivela. Em 1965, quando ingressei na Rádio Uirapuru, já ouvia duas frases bem batidas: “futebol é uma caixinha de surpresa” e “clássico nivela”. Hoje, mais de meio século depois, essas frases continuam atuais. São eternas. Não sei quem primeiro as usou. Não sei quem foram seus autores.  

 

Lembrança 

 

Quando citei que ingressei na Rádio Uirapuru em 1965, logo me veio à memória o saudoso comentarista e dirigente de rádio e televisão, Afrânio Peixoto. Uma pessoa muito especial na minha vida. Eu, com 17 anos, muito jovem, encarei meu primeiro desafio. O apoio que dele recebi não esqueço jamais. Notável, Afrânio Peixoto. Grande profissional. De um coração imenso. Saudade.