Segundo “assalto” ao trem pagador

O Ferroviário foi alvo do mais desavergonhado “assalto” já visto nos campos de futebol do Brasil. A Locomotiva Coral estava pronta para receber R$ 1,7 millhão da cota destinada pela CBF pela passagem para a terceira etapa da Copa do Brasil. O time ganhara moral, após, já nos acréscimos, ter conseguido milagroso empate com o América-MG. Era notória a prostração dos mineiros pela inesperada cedência. A decisão foi para os pênaltis. Exatamente aí, na primeira cobrança, começou o “Segundo Assalto ao Trem Pagador”. O primeiro assalto aconteceu entre Glasgow e Londres, no dia 8 de agosto de 1963. Os 17 assaltantes levaram 2,6 milhões de libras esterlinas, equivalente a US $4,2 milhões, à época. Foi um assalto tão bem tramado que os passageiros do trem não perceberam. Entre os 17 assaltantes estava Ronald Biggs, que anos depois viveu em liberdade aqui no Brasil, paraíso dos larápios. Já no caso do segundo “assalto”, o ato foi praticado sob a luz dos refletores do Estádio Independência em Belo Horizonte, à vista de todos, sem nenhum pudor. Diante das câmeras de televisão, pilharam o Ferroviário. Tomaram do Ferrão o direito de tentar seguir na competição. E assim foi destinada ao América-MG a elevada soma que poderia ter entrado nos cofres corais. 

Sentido figurativo 

Claro que há uma diferença entre o assalto ao trem pagador em Londres e o “assalto” ao trem coral no Estádio Independência. No primeiro, na Inglaterra, houve o dolo, crime premeditado; no segundo, em Minas, não houve crime nem premeditação senão total incompetência do auxiliar Miguel Caetano Ribeiro da Costa e do árbitro Vinícius Gonçalves Dias Araújo. 

Incompetentes 

Na primeira cobrança de pênalti a favor do Ferroviário, a bola entrou nitidamente. O auxiliar Miguel Caetano, a poucos metros, não viu. O árbitro Vinícius Gonçalves, também a poucos metros, não viu. Que fazem estes senhores nos campos de futebol? São pagos para ver, mas não enxergam. Então peçam para sair. É melhor.   

Dia seguinte 

Qual a reação do auxiliar Miguel Caetano e do árbitro Vinícius Gonçalves ao verem na televisão, depois da partida, a bola dentro do gol? Não sei. Aí dependerá do caráter de cada um. Há os que, sem escrúpulos, não estão nem aí. Há os que, sendo honestos, são tomados de vergonha e remorso.  

Conclusão 

Na linguagem esportiva, chama-se figurativamente de “assalto” grave erro de arbitragem que prejudique um dos participantes. Não digo que os senhores Miguel Caetano e Vinícius Gonçalves sejam desonestos. Isso não. Ambos foram vítimas de seus próprios desleixos e limitações. É importante que façam exame de consciência e vejam se devem continuar trabalhando. Se para prejudicar outros times, será melhor que ambos coloquem a violinha no saco e desapareçam dos campos de futebol.