Os efeitos de uma perda de título

Técnico Guto Ferreira precisa chamar o elenco do Ceará para uma conversa. Foi nítida a desconcentração do Ceará em alguns momentos contra o Arsenal de Sarandí/ARG

A torcida do Ceará, apesar de o time ainda liderar seu grupo na Sul-Americana, tem justificados motivos para revelar preocupações. A produção, nos dois recentes jogos, esteve abaixo do esperado. Nem de longe o Ceará compacto e harmonioso de antes. Na derrota para o Bahia, o Ceará jogou bem apenas nos 25 minutos iniciais. Depois o Bahia cresceu e criou várias situações de gol. Diante do Arsenal, um time tecnicamente inferior, o Ceará deixou o visitante à vontade. Os argentinos trafegaram no campo alvinegro como se em Buenos Aires estivessem. Ficou clara a inquietação do Ceará, já pelo incrível número de passes errados. Erraram passes de três metros. Absurdo. Teria sido isso consequência da perda do título da Copa do Nordeste? Os efeitos da desilusão teriam entrado em campo diante do Arsenal? É difícil entender que as lamúrias de uma partida tenham se projetado no jogo seguinte. Mas, às vezes, acontece. Agora o Ceará enfrentará o Fortaleza. Cresceu a responsabilidade do Ceará, pois terá de dar uma resposta à torcida. Há times que não sentem os efeitos de um fracasso. Mas há times que se prostram diante de um insucesso. Resta saber qual será a reação alvinegra nos próximos desafios.   

Confuso 

O atacante Mendoza mostrou extrema insegurança contra os argentinos. Perdi as contas dos passes errados que deu, alguns deles possibilitando contra-ataque do visitante. Terá sido efeito do descontrole emocional que teve no jogo com o Bahia? Ali ele protagonizou as condenáveis cenas de agressão, inclusive munido de uma cadeira para atacar os adversários. 

Cabeça no lugar 

Chegou a hora de uma chamada do técnico Guto Ferreira. É a hora do diálogo. Bola no chão. Controle emocional. Cabeça pensante. Tem o time “B” que jogou bem em de La Paz. Algumas mudanças devem ser feitas. Um carão em Mendoza é preciso. Também é preciso avaliar a condição física de todos. Entra quem sustenta o ritmo intenso. Sai quem não o sustentar. 

Recreação 

A estreia do técnico Juan Pablo Vojvoda no Fortaleza aconteceu com uma goleada sobre o Crato (1 x 6). Mas, certamente, o próprio treinador desconsiderou qualquer entusiasmo, haja vista a fragilidade do adversário. Em certos momentos, o jogo virou uma recreação. Uma espécie de treino coletivo oficial ou treino de apronto oficial, se é que isso possa existir. 

Para valer 

A verdadeira estreia do Vojoda será amanhã diante do Ceará. Aí, sim, um desafio na medida para o treinador avaliar, a seu modo, o material humano disponível no Pici. Há jogadores que se agigantam nos clássicos. E há jogadores que “amarelam”. Bom momento para Vojvoda saber quem é quem no elenco atual do Fortaleza.