O técnico do Ceará e as comparações inevitáveis

É um novo começar que se desvincula de tudo o quanto houve antes, de positivo e de negativo

A contratação de um novo treinador sempre gera um longo questionário. Tantas as perguntas que embaralham a mente de quem chega para dirigir o clube. O escolhido passa por um pente fino. Uma avaliação que envolve todo o passado sobre o que fez, o presente sobre o que faz e até o futuro sobre o que fará. Abrem-se os arquivos. Assim está Tiago Nunes, novo treinador do Ceará. Por seu belo trabalho no Athletico do Paraná, há os que acham que ele dará certo. Pelo seu trabalho não convincente no Grêmio, há os que acham que não dará certo.

Amigos, nada dependerá do peso das estatísticas ou do currículo. É um novo começar que se desvincula de tudo o quanto houve antes, de positivo e de negativo. Aí está o Vozão, oitavo colocado da Série A nacional. Aí está o seu novo comandante, Tiago Nunes. Neste mundo globalizado em que as fronteiras estão escancaradas para treinadores de toda parte do mundo, o Ceará optou por este brasileiro da gema, gaúcho de Santa Maria. Nem argentino, nem português; nem húngaro, nem espanhol; nem alemão, nem francês. Não sou xenófobo. Pode vir quem quiser, os competentes e os incompetentes. Há espaços para todos os gostos. Sucesso, caro Tiago Nunes.

Condições

É muito difícil uma análise comparativa sobre o trabalho dos treinadores. Motivo simples: cada um depende muito do elenco disponível. Então, o sucesso não está apenas no conhecimento do treinador, mas na execução do que ele quer. Às vezes dá para extrair o melhor. Às vezes, não. Há, portanto, notória interdependência. 

Oscilações

O Ceará, nas mãos de Guto Ferreira, teve períodos altamente positivos. Com a saída de alguns atletas e queda de produção de outros, as oscilações passaram a acontecer, máxime quando o time teve de encarar quatro competições paralelas. Partiu para a rotatividade, caiu de produção e não mais recuperou o melhor futebol. 

Contrato

Já imaginaram Rogério Ceni no Ceará? Profissionalmente seria a coisa mais natural do mundo. Qual o problema? Nenhum. Ceni não fez contrato eterno com o Leão. Entretanto, se tivesse vindo para o Ceará, as comparações e cobranças aconteceriam de forma acentuada. Ele teria de repetir no alvinegro as conquistas que teve no Pici. Seria muito difícil. Se assim não fosse, as críticas viriam.  

Laços eternos

Rogério Ceni pode não ter contrato eterno com o Fortaleza, mas tem eternos laços sentimentais por tudo o que viveu no Pici. Jamais haverá uma maneira de separar a história gloriosa vivida conjuntamente pelo treinador Ceni e pelo Fortaleza. Em situações assim, no lugar do contrato escrito, o afeto recíproco e imorredouro. Ceni e o Fortaleza se pertencem. São inseparáveis.