O oxigênio especial usado pelo Ceará em La Paz

Confira a coluna desta sexta-feira (1)

Voar alto. Voar bonito. O Ceará parece ter aprendido com o Condor dos Andes a arte de viver a 5.000 metros de altitude. Ar rarefeito. Pouco oxigênio. O Ceará mostrou-se tranquilo, quando a adversidade lhe bateu à porta. Até parece ter feito curso de sobrevivência para aquele tipo de situação. E assim conseguiu o que, até hoje, poucos times brasileiros conseguiram: ganhar o jogo na altitude de La Paz.

No segundo tempo, veio a maior surpresa. Imaginei que o Ceará seria atropelado pelo ritmo veloz dos nativos. Ledo engano. Não sei como, naquele estádio situado a 3.637 acima do nível do mar, o alvinegro fez valer um oxigênio especial, diferente, não armazenado em cilindros comuns, mas nos cilindros da alma e do coração. Fontes inesgotáveis, que supriram, pela bravura e determinação, o que a natureza da altitude lhe negara. Uma energia que só os grandes times conservam. Daí a histórica virada. Os bolivianos, certamente perplexos, viram seus planos e estratégias desabarem das alturas. Eles quiseram a velocidade; o Ceará, a inteligência. Eles apostaram no cansaço; o Ceará, na qualidade. No final, a comemoração de quem, saindo da planície, voou em La Paz como um autêntico Condor dos Andes. 

 

O escritor 

 

Hoje, às 19 horas, no Cantinho do Frango, o comentarista Wilton Bezerra lançará o livro de sua autoria, “Wilton Bezerra - Crônicas e Causos”. Uma coletânea elaborada com muito capricho. Wilton sempre foi um contador de causos. Houve uma época em que, aos domingos pela manhã, ele dominava a audiência na Rádio Verdes Mares, narrando episódios mirabolantes. Parabéns. 

 

Na Itália 

 

Na Copa da Itália, em 1990, Wilton entrou no ônibus da imprensa. O ônibus lotado com cronistas de todo o Brasil. Um ambiente fechado. Aí o Wilton, falando bem alto, quebrou a sisudez. Contou que um menino perguntou: Papai, é verdade que foguete somente sobe com fogo no rabo? O pai respondeu: Meu filho, com fogo no rabo subo eu, sobe você, sobe sua mãe, sobe todo mundo.  

 

Camaradagem 

 

Ele descontraiu o ambiente no ônibus. Contou vários episódios. Virou uma viagem agradável entre o Estádio delle Alpi e o hotel em Turim. No ônibus, o que era um ambiente fechado virou um ambiente de camaradagem e de papos leves entre cronistas que não se conheciam. Wilton tem um jeito todo especial de contar as coisas. Sucesso, companheiro. Parabéns.  

 

Profissional 

 

Thiago Galhardo é um profissional de qualidade. Teve uma bela passagem pelo Ceará. Eu acompanhei sua trajetória no Vasco, onde também brilhou. Sua boa fase no Internacional o levou a uma convocação para a Seleção Brasileira. Será muito útil ao Fortaleza na tentativa de retomada na Série A nacional. Ter sido ídolo no Ceará não o impede de brilhar no Leão. Uma coisa nada tem a ver com a outra. 

 

Ídolos 

 

Quantos ídolos do Ceará brilharam no Fortaleza e quantos ídolos do Fortaleza brilharam no Ceará? Cito alguns: Zé Eduardo, por exemplo, foi destaque nos dois. Pedro Basílio, também ídolo nos dois. Artur Ribeiro do Carmo, ídolo nos dois. Carneiro, ídolo nos dois. Um dos maiores ídolos do Fortaleza, Moésio Gomes, foi o técnico que deu o tetracampeonato de 1978 ao Ceará.